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ELIANE CANTANHÊDE
Alvo errado, na hora errada
BRASÍLIA - Sinceramente, não dá
para entender mais nada:
1) Dois sujeitos de terno e gravata
estacionam um carro, caminham
calmamente até a agência bancária
do Quartel General do Exército, no
Setor Militar Urbano de Brasília,
rendem um general fardado, roubam R$ 8 mil e passam por câmaras
de vídeos e barreiras sem serem incomodados. Vexame.
2) Ladrões invadem o 6º Batalhão
de Infantaria Leve de Caçapava
(SP), prendem um cabo e os soldados e levam embora sete fuzis e 140
cartuchos. Saem como entraram,
sem resistência. Outro vexame.
3) E aquele tenente do Rio, o que
entregou três jovens para serem
trucidados por uma quadrilha de
bandidos conhecidos e de alta periculosidade, ainda está pairando sobre consciências e escolas de formação de quadros militares.
Em meio a isso, os "presidenciáveis" Dilma Rousseff e José Serra,
dois adversários do regime militar,
se reúnem em Brasília para o anúncio do projeto de lei que pretende
garantir o acesso a documentos públicos. Um dos objetivos é abrir a
documentação do regime militar,
trancafiada sabe-se lá exatamente
por quem, sabe-se lá exatamente
onde. Enquanto o governo cria uma
comissão (mais uma!) para procurar os restos mortais de militantes
assassinados na ditadura.
Juntando-se tudo isso, é fora de
tom, de oportunidade e de hierarquia o general Paulo César de Castro sair justamente do Departamento de Educação e Cultura do
Exército para a reserva atirando.
Em resumo, enalteceu a ditadura e
o general Médici e condenou "os
arautos da sarna marxista" e até as
cotas para universidades.
Enquanto eram oficiais de pijama em clubes militares, vá lá. Mas
Castro engrossa a lista de generais
em transição para a reserva que
saem atirando contra os velhos adversários de esquerda que detêm o
poder civil hoje e provavelmente
deterão amanhã. Melhor seria que
mudassem o alvo: falassem menos e
cuidassem mais dos seus quartéis.
elianec@uol.com.br
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