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DRAMA MEXICANO
O acordo de livre comércio entre os EUA, o Canadá e o México é uma das mais imponentes construções geopolíticas contemporâneas, comparável apenas ao projeto
de unificação européia.
No entanto os efeitos do Nafta
(Acordo de Livre Comércio da América do Norte) sobre o México, o
mais pobre dos parceiros, têm sido
alvo de críticas cada vez mais severas.
Ao contrário da entrada do país pobre num círculo privilegiado de relações comerciais com o vizinho de
fronteira, houve uma evasão de empresas que, a despeito da proximidade física com os mercados dos EUA,
optaram por transferir suas linhas de
produção para espaços onde o custo
salarial é ainda mais baixo.
Nos últimos dois anos, 540 montadoras abandonaram a fronteira em
busca de custos menores, principalmente na Ásia, devastada por desvalorizações cambiais extraordinárias
depois da crise tailandesa de 1997.
Foram perdidos 200 mil empregos
em decorrência da fuga dessas empresas -as "maquilladoras".
Há dez anos, o México era vendido
quase como um novo Estado norte-americano tamanha a crença nos benefícios que o Nafta traria ao país.
Hoje, mais da metade de sua população ainda vive na pobreza.
A fé na capacidade de as exportações levarem os países mais pobres
ao desenvolvimento sustentável também sai arranhada quando se estudam os resultados do projeto mexicano. Os setores exportadores foram
os que mais sofreram com a crise.
Não basta exportar. É preciso que
as exportações sejam feitas com base
numa política industrial e tecnológica virtuosa. Apostar no "modelo exportador" com base em salários supostamente imbatíveis, por tão baixos, é uma ilusão desmascarada pela
competição asiática.
É crucial aprender as lições desse
drama mexicano, especialmente
agora que o governo brasileiro dá sinais de abandonar o discurso crítico
sobre a Alca e acena com uma adesão
ao cronograma de integração desejado pelo governo dos EUA.
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