BRASÍLIA - Se fosse um corretor de ações, se diria que o presidente do PT, José Genoino, fez ontem um "hedge" a respeito do resultado eleitoral de outubro -passou explicitamente a não fazer nenhum tipo de previsão com medo do resultado adverso mais adiante.
O "hedge", ou seguro eleitoral petista, foi assim pronunciado por Genoino: "A partir de hoje, o PT não fixa números". É um recuo e tanto.
Em 2000, o PT elegeu 187 prefeitos. Com Lula no Planalto, a euforia tomou conta dos petistas.
Em novembro passado, o presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), vaticinou: "Acho possível que o PT eleja uns 800 prefeitos no ano que vem".
No início deste ano, o tesoureiro petista, Delúbio Soares, deflacionou a previsão para 600 prefeituras. Em março, Sílvio Pereira, hoje secretário-geral do PT, desidratou ainda mais a cifra: "Nunca cheguei a um número acima de 400 prefeitos para a eleição deste ano".
Como diz Delúbio, "a realidade vai amadurecendo a gente".
Em reserva, muitos petistas ainda acalentam a possibilidade de o partido se espalhar pelos grotões e eleger mais de 500 prefeitos. Não falam isso em público. Têm medo de queimar a língua -sobretudo por causa do risco de insucesso nas grandes cidades nas quais o PT já é governo.
Há números amargos numa planilha que circula de mão em mão na direção do partido. São resultados de pesquisas em mais de 60 cidades. O fato: exceto em Aracaju (480 mil habitantes), não dá para garantir que um petista seja franco favorito em nenhuma das outras 25 capitais.
Nada impede o PT de se recuperar. A economia decolando pode até não ajudar, mas a ortodoxia de Lula e Palocci deixa de atrapalhar. Ainda assim, a eventual derrota em capitais como São Paulo será difícil de engolir e de explicar. Por isso, sabiamente, Genoino e os petistas estão preferindo ficar em silêncio sobre o resultado final das disputas de outubro.


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