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CARLOS HEITOR CONY
Os sábios de Trento
RIO DE JANEIRO - O "Kama Sutra", que os ocidentais consideram o manual mais sofisticado em matéria de
erotismo, ensina ou sugere maneiras
de fazer amor, que, no vocabulário
de hoje, virou "transar", ou seja, entrar em transe ou coisa equivalente.
Uma contagem sumária dos métodos ensinados pelo grande clássico
oriental parece que chega a 48 ou 49
maneiras de praticar aquilo que os
juristas chamam pelo feio nome de
"coito". Pensando bem, é um número
elevado, levando-se em conta os apetrechos e circunstâncias que integram o ato amoroso.
Um manual publicado nos fins do
século passado, com o título óbvio de
"Positions" (Posições), superou o
"Kama Sutra", chegando aproximadamente a 57 opções para o homem
possuir uma mulher ou vice-versa
(Gosto muito desse vice-versa, pois,
em geral, quando a mulher toma a
iniciativa, os resultados são mais surpreendentes).
Minha esquálida cultura não saberia precisar em que ano foi escrito o
"Kama Sutra". Como tudo que é
oriental, deve ter sido num ano remotíssimo, anterior ao nascimento
de Cristo e ao nascimento do filho da
Xuxa. Tampouco saberia dizer em
que ano do século 20 saiu o livro das
"Posições", deve ter sido nos anos 70
ou 80.
Contudo sei quando foi realizado o
Concílio de Trento. Como todos sabem, foi o concílio que deu régua e
compasso à Igreja Católica pelo menos até o concílio Vaticano 2º, que é
coisa dos anos 60. Pois os sábios reunidos em Trento, entre 1545 e 1563,
descobriram que há 269 maneiras ou
posições para consumar o tal do coito
-e repito a palavra "coito", que é
broxante, para não me acusarem de
estar cometendo uma crônica libidinosa.
De minha parte, uma frustração
suplementar, das muitas que fui acumulando pela vida. Não cheguei à tolerável marca ensinada pelo "Kama
Sutra". Mas gostaria de conhecer um
cara que chegasse perto do limite proposto pelos sábios de Trento.
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