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FERNANDO GABEIRA
Eleições no horizonte
RIO DE JANEIRO - A campanha
de 2010 é complexa e distante para
caber num curto artigo. Mas algumas coordenadas já existem. Em
pleno período de aquecimento global, será necessária uma política para mudanças climáticas. De um lado, transitar para uma sociedade de
baixo carbono; de outro, preparar o
Brasil para resistir melhor aos desastres naturais.
Essa política vai levar a uma nova
atitude externa. Como uma espécie
de potência ambiental, o país pode
ser um dos líderes nas definições do
planeta. Essa será, talvez, a primeira campanha em que a política externa terá peso. Não o mesmo peso
que nos EUA. Mas certamente muito mais do que nas últimas eleições.
Será também a campanha em que
a internet terá um grande papel.
Não só como instrumento de comunicação mas também de arrecadação. Estaremos entrando com
dez anos de atraso no século 21. Mas
o importante é entrar.
Certos temas, sempre tratados
com distante frieza pelos chamados
estadistas, terão de ser objeto de
uma sincera busca de soluções. É o
caso da segurança pública.
O mais dramático dos temas será
o da ética na política. Qual candidato se dispõe a apresentar uma resposta razoável para superar o abismo entre a população e os políticos?
Quais são, efetivamente, os passos
que dará como presidente? Reforma política? Antes disso é preciso
tecer alianças confiáveis, mostrar
que é passível de admitir erros, repará-los e corrigir rumos.
Ninguém se apresentará como
santo. Dificilmente um eleitor sairá
de casa por candidatos que tendem
a perpetuar o clima de escândalos,
descrédito e empulhação, como vemos hoje no Senado.
A surpresa virá do comportamento dos eleitores, bombardeados pelas notícias negativas. Espera-se um basta.
Como e com que intensidade, só
as urnas vão responder.
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