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FERNANDO RODRIGUES
Uma provação para a mídia
BRASÍLIA - Os acontecimentos no Rio de Janeiro que envolvem o traficante Fernandinho Beira-Mar e outros detentos terão alguma repercussão na eleição presidencial? Certamente sim, mas ainda é impossível
saber qual será exatamente.
Três candidatos entre os quatro
competitivos são potenciais alvos do
episódio. Lula (PT), porque o Estado
do Rio de Janeiro é governado pela
petista Benedita da Silva. José Serra
(PSDB), porque representa o governo
federal e a população sempre debita
um pouco de culpa a FHC por todas
as mazelas nacionais. E Garotinho
(PSB), pois governava o Rio até outro
dia. Ciro Gomes está de fora, pelo menos nesse caso.
É evidente que todos os candidatos
vão dizer que a responsabilidade está
do outro lado da cerca. Lula se escudará na operação razoavelmente
bem-sucedida que desmantelou a rebelião. Serra e Garotinho dirão que
faltou autoridade a Benedita para
evitar o episódio.
Todos têm argumentos. O resultado
prático dependerá de como a mídia
-sobretudo a TV- tratará o problema e outros que virão até o dia 6
de outubro. É fato corrente que a
equipe de TV do candidato governista já guardou cenas da rebelião do
presídio do Rio para eventualmente
usar contra o PT.
Posso estar enganado, mas acho
que começa agora o grande teste para as TVs e para a mídia em geral
nesta sucessão. Enquanto o representante oficial do Palácio do Planalto
rastejava no terceiro lugar, era fácil
fazer jornalismo. Dois candidatos
improváveis estavam na frente em
todas as pesquisas de opinião.
Agora, o cenário é um pouco mais
favorável para o grupo hegemônico
de turno. Não se pode prever uma
reedição do aniquilamento da oposição que se viu na TV em 89, em 94 e
em 98. Mas os órgãos da mídia, impressa e eletrônica, que vêm tentando
aparentar isenção e independência
terão sua prova de fogo definitiva para mostrar se o são mesmo.
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