São Paulo, sábado, 14 de setembro de 2002

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FERNANDO RODRIGUES

Uma provação para a mídia

BRASÍLIA - Os acontecimentos no Rio de Janeiro que envolvem o traficante Fernandinho Beira-Mar e outros detentos terão alguma repercussão na eleição presidencial? Certamente sim, mas ainda é impossível saber qual será exatamente.
Três candidatos entre os quatro competitivos são potenciais alvos do episódio. Lula (PT), porque o Estado do Rio de Janeiro é governado pela petista Benedita da Silva. José Serra (PSDB), porque representa o governo federal e a população sempre debita um pouco de culpa a FHC por todas as mazelas nacionais. E Garotinho (PSB), pois governava o Rio até outro dia. Ciro Gomes está de fora, pelo menos nesse caso.
É evidente que todos os candidatos vão dizer que a responsabilidade está do outro lado da cerca. Lula se escudará na operação razoavelmente bem-sucedida que desmantelou a rebelião. Serra e Garotinho dirão que faltou autoridade a Benedita para evitar o episódio.
Todos têm argumentos. O resultado prático dependerá de como a mídia -sobretudo a TV- tratará o problema e outros que virão até o dia 6 de outubro. É fato corrente que a equipe de TV do candidato governista já guardou cenas da rebelião do presídio do Rio para eventualmente usar contra o PT.
Posso estar enganado, mas acho que começa agora o grande teste para as TVs e para a mídia em geral nesta sucessão. Enquanto o representante oficial do Palácio do Planalto rastejava no terceiro lugar, era fácil fazer jornalismo. Dois candidatos improváveis estavam na frente em todas as pesquisas de opinião.
Agora, o cenário é um pouco mais favorável para o grupo hegemônico de turno. Não se pode prever uma reedição do aniquilamento da oposição que se viu na TV em 89, em 94 e em 98. Mas os órgãos da mídia, impressa e eletrônica, que vêm tentando aparentar isenção e independência terão sua prova de fogo definitiva para mostrar se o são mesmo.



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