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PLÍNIO FRAGA
Nem síndico nem embaixador
RIO DE JANEIRO - É louvável o
esforço feito pelos dois candidatos a
prefeito do Rio, Fernando Gabeira
(PV) e Eduardo Paes (PMDB), de
aceitarem participar de mais de seis
debates até o dia do segundo turno.
Como lembrou Eduardo Paes, bem-humoradamente, os dois discutirão
mais o Rio do que Barack Obama e
John McCain debaterão os Estados
Unidos -e o problema deles é infinitamente maior.
Até aqui Gabeira e Paes têm se
comportado de maneira a estimular o confronto, mas sem perder a
compostura, ao menos em público.
Trocam críticas, cobram coerência
um do outro, mas no limite da civilidade. Já é alguma coisa em termos
de maturidade política, apesar de
haver indicações de jogo sujo por
parte da máquina estadual, com repetido uso de panfletos apócrifos e
manifestações de protesto contra
Gabeira falsamente espontâneas
por serem manietadas por aliados
do peemedebista.
O que tem faltado aos dois candidatos é substância. Se Paes apresenta-se como o síndico de que o
Rio precisa, Gabeira faz discurso de
embaixador, ou seja, o peemedebista se apequena perante o que planeja administrar, e o verde abstrai-se
da realidade de uma cidade em crise
por falta de gestão.
As propostas de ambos dão sempre a impressão de que se perderão
na máquina de moer reputações
que é a pouco eficiente, antiquada,
inchada e não-fiscalizada Prefeitura do Rio. Os dois falam em reformar postos de saúde, em investir
em educação e em modernizar a
Guarda Municipal. Sempre assim,
de forma genérica. Paes diz que "vai
trabalhar de verdade", e Gabeira
promete "mudar definitivamente"
o Rio. São platitudes aceitas para
um síndico ou para um embaixador,
mas sinal de despreparo para quem
vai ter quase R$ 10 bilhões em receitas para administrar problemas
que se multiplicam.
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