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Ética e pesquisa
Pesquisas clínicas, um requisito para desenvolver e licenciar novos fármacos e tratamentos, tornaram-se um fator decisivo para
estabelecer uma indústria farmacêutica inovadora. Tais estudos
-que podem envolver milhares
de pacientes e voluntários- constituem também uma atraente fonte de receita para profissionais e
instituições de pesquisa.
Em que pesem algumas vantagens comparativas, esse mercado
engatinha no Brasil, como assinalou em entrevista à Folha Antônio
Britto, presidente-executivo da Interfarma (Associação da Indústria
Farmacêutica de Pesquisa). Em
2009, a entidade já havia alertado
que só 1,6% das pesquisas clínicas
ocorrem no país.
O Brasil conta com uma riqueza
valorizada pela indústria: diversidade. Com cerca de dois terços da
população dos EUA, onde se realizam 63% dos testes, o país recebeu também várias etnias, mas
comportou mais miscigenação.
Resultados aqui obtidos seriam
em princípio válidos para boa parte do mundo. Há mais: o país possui uma comunidade científica capacitada e pode realizar os testes
com custo mais baixo.
Um dos problemas, segundo a
Interfarma, está na morosidade da
aprovação dos protocolos por órgãos como a Comissão Nacional
de Ética em Pesquisa (Conep). Enquanto nos EUA isso ocorre em
média em sete meses, por aqui pode demorar mais de um ano.
Em consequência, a comunidade científica nacional fica com as
migalhas de um mercado global
de R$ 50 bilhões anuais. Entre as
razões comumente apresentadas
pela Conep para não imprimir
maior celeridade ao processo está
a impossibilidade de um voluntário brasileiro compreender os termos técnicos dos formulários de
consentimento.
A cautela não pode confundir-se com procrastinação. Indústria e
Ministério da Saúde já debatem
como aperfeiçoar o sistema. Se
persistem falhas de estrutura e
agilidade no processo de licenciamento, aí deve recair o foco da discussão, no interesse de todos -indústria, cientistas e pacientes.
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