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DESASTRE NO ENEM
Foi decepcionante o resultado do Enem (Exame Nacional
do Ensino Médio) de 2002. A nota
média na prova de conhecimentos
gerais foi de 34, numa escala que vai
de zero a cem -a pior desde que o
exame foi instituído, em 1998. Parte
nada desprezível dos alunos (74%)
está concluindo o ensino médio sem
nem sequer compreender o que lê.
A análise do ministro da Educação,
Paulo Renato Souza, sobre o desempenho merece consideração. Para
Paulo Renato, o aumento da participação de estudantes cujos pais têm
baixas escolaridade e renda seria a
causa da queda da nota média. Infelizmente, essa é uma triste realidade.
Filhos de pessoas mais pobres e sem
instrução tendem a se sair pior na escola do que aqueles que recebem estímulos intelectuais desde cedo e podem dedicar-se integralmente aos
estudos, sem precisar trabalhar.
Como o Enem não é obrigatório,
existem várias explicações plausíveis
para a maior procura pela prova entre os mais pobres. Mas, sejam quais
forem as razões que justifiquem o fenômeno, o fato, insofismável, é que
a qualidade do ensino no Brasil ainda deixa muito a desejar. A sina familiar pode tornar o aprendizado mais
difícil, mas não o inviabiliza.
A gestão de Paulo Renato no MEC
teve o inegável mérito de praticamente universalizar o ensino fundamental e aumentar o acesso ao médio.
Também foi oportuna a introdução
de mecanismos de avaliação, como o
Enem, que são ferramentas valiosas
para a melhoria da qualidade do ensino. Mas fica a sensação de que os
vários sistemas de avaliação implementados acabaram se tornando um
fim em si mesmo; de que se perdeu
de vista a noção de que as deficiências reveladas pelas provas precisam
traduzir-se em políticas para professores e diretores nas escolas.
O que se espera do próximo governo é que mantenha e aprimore os
métodos de avaliação e que consiga
promover o salto qualitativo de que o
país tanto necessita.
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