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ELIANE CANTANHÊDE
Papai Noel que se cuide
BRASÍLIA - Definitivamente, Lula
não pode ver um palanque que se
aboleta nele e sai deitando falação.
Pode ser para brasileiro, para chinês ou para inglês ver, não importa.
Ontem, foi para cerca de 20 mil venezuelanos, em Ciudad Guayana,
onde inaugurou a ponte do rio Orinoco, empreendimento de US$ 1,2
bilhão com financiamento do
BNDES à Odebrecht.
Em tom de campanha, agora pela
re-re-reeleição de Chávez, Lula recuou no tempo, de volta ao primeiro e ao segundo turnos aqui do Brasil, reclamando da... imprensa. E
justamente na semana seguinte à
descoberta de que a Polícia Federal
quebrou o sigilo de telefones da Folha, apesar de Lula falar em lua-de-mel com a mídia e de prometer uma
entrevista coletiva como deve ser,
com princípio, meio e fim.
Ao lado de Chávez, ele pegou pesado, comparando a imprensa do
Brasil com a da Venezuela -tão dividida e radicalizada, contra e a favor do governo, como o próprio
processo político no país chavista.
Foi uma péssima comparação. Os
assessores de Lula devem estar arrancando os cabelos.
Unindo o "fortão", que saiu do
nada e virou presidente, ao "fraquinho", sempre vítima das elites, Lula
também se lamentou dos bancos e
das empresas privadas, que encheram as burras no governo petista,
mas, se pudessem, votariam mesmo é nos seus adversários. Uns baita ingratos, esses bancos e essas
grandes empresas.
Para Lula, tanto ele como Chávez
são vítimas de "preconceito" e de
"incompreensões". Muita gente,
porém, acha que a grande vítima de
preconceito e de incompreensão é
outra: o Papai Noel, coitado, que é
inofensivo, bonachão e bom de promessas, mas acaba de ser banido
por Chávez do Natal da Venezuela.
Se é da elite, que ponha as barbas de
molho por aqui também.
É de chorar de rir. Ou é de rir de
tanto chorar?
elianec@uol.com.br
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