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Questão escolástica
A INTRODUÇÃO do ensino
fundamental obrigatório
de nove anos, em vez de
oito, desperta agora uma polêmica um tanto escolástica a respeito de qual a melhor data de aniversário para a entrada das
crianças no primeiro ano. Serão
aceitas matrículas só de alunos
com 6 anos completos? Ou será
tolerado que completem 6 anos
ao longo do período letivo? Neste
caso, em que altura do ano?
Ora, quando o ciclo se iniciava
aos 7 anos, as redes estaduais e
municipais se defrontavam com
o mesmo tipo de problema. Resolviam-no a seu modo, pois gozam de autonomia para isso, e o
assunto não causava celeuma.
Mas agora, na melhor tradição
das ordenações filipinas, o governo federal decidiu intervir no
assunto com uma protocolar canetada: a partir de 2011, só serão
aceitos alunos com 6 anos completos ou que os completarem
até 31 de março do ano letivo.
O governo alega que precisava
harmonizar o padrão nacional,
que varia muito entre as redes
estaduais e municipais -isso para disciplinar, por exemplo, a
transferência de alunos entre redes. Mas as redes sempre conviveram bem com essas diferenças, respeitada a sua autonomia.
Fala-se também no temor de
que crianças sejam submetidas
precocemente à alfabetização.
Esse, entretanto, é um problema
que se resolve com a definição do
currículo do primeiro ano do ensino fundamental para alunos de
6 anos, e não com a fixação de
uma data nacional de corte.
Nessa faixa etária, atividades
lúdicas, jogos, narrativas e dramatizações devem preparar a
criança para absorver os primeiros códigos da linguagem e dos
números -atenuando, assim, o
impacto emocional da entrada
num universo mais rigoroso,
com avaliações e tarefas de casa
regulares, nos anos seguintes.
Em vez de perder tempo com
questões cartoriais, o governo federal deveria auxiliar as redes locais a estabelecerem esse currículo, o que faz toda a diferença.
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