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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Aos tucanos, as batatas
SÃO PAULO - Faltando 17 dias para acabar o ano, PT e PSDB esperam
as últimas pesquisas de 2009 para
conhecer o impacto eleitoral dos
programas que ambos exibiram recentemente na TV. É possível que a
dianteira de José Serra, até hoje
uma constante, não tenha sido abalada, mas os tucanos devem ter
muito com que se preocupar. Consolida-se no meio político a percepção de que o governo entra em 2010
muito fortalecido -como favorito?
São três, em resumo, os fatores
que projetam uma sombra de dúvidas sobre a liderança tucana: a alta
popularidade de Lula, as previsões
de crescimento substantivo para o
próximo ano e as realizações do governo na área social, contra as quais
a oposição não terá muito o que dizer sem passar vexame.
No PT, as interrogações se voltam para a capacidade que terá a
candidata Dilma Rousseff de associar sua imagem à do Papai Noel
que Lula se tornou. Já entre os tucanos, a dúvida é de outra ordem: o
que dizer? O que defender? Como
enfrentar o lulismo?
Ao PSDB não falta candidato
-aliás, há dois, o que a essa altura já
se tornou um problema. Falta, antes, uma candidatura com pauta
convincente. A troca de elogios entre Serra e Aécio no jogral da TV pode ser interpretada (psicanaliticamente) como sintoma de algo assim: toma, que essa batata é sua.
O que resta à oposição? Além de
aplaudir Lula e repetir que Dilma
não é Lula, talvez restem as bandeiras da direita: o medo da violência
urbana, a grita contra os impostos, a
defesa da eficiência administrativa,
a crítica ao gasto público e ao aparelhamento do Estado e por aí vai.
Não parece muito animador.
Em 2006, quando o mensalão
ainda estava fresco, Alckmin iniciou cheio de energia, prometendo
decência e choque de gestão. Acabou humilhado, vestindo uma jaqueta coalhada de símbolos de estatais. Agora, com o DEM nu, ficou
ainda mais difícil encontrar um
modelito udenista para vestir a
oposição no baile de 2010.
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