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FERNANDO RODRIGUES
Como nasce um coronel
BRASÍLIA - Há um elo entre os escândalos recentes e alguns personagens no Congresso. São os especialistas em minimizar danos de
crises produzidas pela impostura própria ou de aliados. O epítome desse agrupamento atende pelo nome de Antonio Carlos Magalhães Neto, o deputado
ACM Neto, do Democratas (ex-PFL, ex-Arena) da Bahia.
Aos 30 anos, neto de ACM (1927-2007) e sobrinho de Luís Eduardo
Magalhães (1955-1998), o jovem
deputado descende de uma oligarquia de raiz antidemocrática. Honra seu passado como pode. Neto, como é chamado, trabalhou neste ano
na operação-abafa de três grandes
casos: o do deputado do castelo, o
das verbas indenizatórias e o do mensalão do DEM.
Eleito corregedor da Câmara em
fevereiro, sua primeira obra foi
adotar medidas protelatórias para
esfriar o caso Edmar Moreira (à época no DEM), cujo nome ficou
atrelado a um castelo kitsch no interior de Minas Gerais. Acusado de
usar dinheiro público de forma irregular, Moreira foi absolvido.
Mais adiante, Neto viu-se diante de dezenas de deputados usando verbas indenizatórias (R$ 15 mil
mensais) de forma criminosa. Deram notas fiscais frias, pagaram serviços de suas próprias empresas ou
torraram os recursos em campanhas eleitorais.Tudo ilegal.
Quando já ia fazendo o que mais aprecia -ou seja, nada-, o corregedor da Câmara beneficiou-se com o
estouro do mensalão do DEM. Nada como um novo escândalo para
encobrir o anterior. Neto mudou o
foco. Passou a defender a não punição imediata do governador de Brasília, José Roberto Arruda, acusado
de comandar um esquema de distribuição de propinas.
Arruda está rumo à salvação. Saiu do DEM sem ser expulso. E as verbas indenizatórias gastas de maneira ilegal? Esses crimes Neto engavetará no ano que vem.
frodriguesbsb@uol.com.br
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