|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CARLOS HEITOR CONY
Morte de Jango na Justiça
RIO DE JANEIRO - A família de
João Goulart deu entrada na Justiça a uma ação sobre a morte do ex-presidente, que teria sido assassinado no Uruguai por membros de
uma Operação Escorpião, que foi a
antecessora da Operação Condor ,
destinada a eliminar pessoas que
pudessem perturbar a paz do Cone
Sul da América Latina, então governada por regimes militares.
Tratei do assunto num livro escrito em parceria com Anna Lee, "O
Beijo da Morte" (Objetiva, 2003).
Na semana passada, escrevi sobre a
entrevista que fizemos com um ex-agente do serviço secreto uruguaio,
Mario Neira Barreiro, preso na penitenciária de segurança máxima
de Charqueadas (RS).
João Vicente Goulart, filho de
Jango, entrevistou posteriormente
o mesmo prisioneiro e conseguiu
documentos que não estavam disponíveis em 2002, ano de nossa entrevista com Neira Barreiro.
Anna Lee e eu temos sido procurados por jornalistas que desejam
conhecer nossa opinião sobre o
preso de Charqueadas. É um sujeito
perigoso (estava algemado quando
o entrevistamos), com uma tendência ao delírio. Mas seu delírio tem
uma espinha dorsal que supera os
detalhes assombrosos de seu relato.
Na época da entrevista, ele prometeu mostrar provas que estavam
com outro preso, ambos fiscalizados por um terceiro preso, o mais
famoso no Rio Grande do Sul, que
atende pelo apelido de Papagaio.
Não tivemos as provas, mas fortes indícios de uma operação destinada a assassinar o ex-presidente.
Miguel Arraes, então na Argélia,
por intermédio da mulher de Brizola, irmã de Jango, mandara recado
para que ele não dormisse duas noites seguidas no mesmo lugar.
Esse fato consta de depoimento
na Comissão Especial da Câmara
dos Deputados que tentou apurar
as circunstâncias da morte do ex-presidente.
Texto Anterior: Brasília - Eliane Cantanhêde: Plano de vôo da Anac Próximo Texto: Fernando Canzian: Eles contra nós Índice
|