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Editoriais
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Ameaça dos reservatórios
AOS GRAVES transtornos cotidianos provocados pela
chuva intensa dos últimos
meses -e às tragédias associadas
ao deslizamento de encostas- se
soma agora nova ameaça, resultado do efeito cumulativo de altos índices pluviométricos.
O sistema Cantareira, responsável por reter água em seis grandes represas e abastecer 8,8 milhões de moradores da Grande
São Paulo, pode transbordar.
O volume armazenado nos reservatórios atingiu 97% da capacidade. Não há estimativas acerca de quantas pessoas podem ser
afetadas, caso a água ultrapasse o
limite máximo, mas mapas de
monitoramento da Sabesp revelam uma situação de risco em sete cidades do interior do Estado e
da região metropolitana.
O governo estadual monitora a
situação e anuncia já dispor de
um plano de emergência para
evacuar áreas atingidas. "Estamos em alerta 24 horas; apesar
de ser possível avisar as cidades
antes, o risco material será inevitável", afirma Hélio Luiz Castro,
superintendente da Sabesp.
O esforço emergencial é louvável, mas a situação atual revela
falhas anteriores da administração pública.
As consequências da falta de
controle na ocupação de áreas de
encosta e regiões de várzea ficaram evidentes com o alagamento
recente de bairros inteiros no extremo leste da cidade de São
Paulo. Construções irregulares,
entretanto, não são promovidas
apenas pelos mais pobres. Desta
vez o democrático descaso das
autoridades ameaça indústrias,
estradas e até um condomínio de
luxo, construído às margens do
rio Atibainha, que dá nome a
uma das represas do Cantareira.
Desde 1973, quando o sistema
de abastecimento ficou pronto,
por duas vezes, uma em 1985, outra em 1999, a água passou por cima de barragens e alagou margens de rios que deram vazão ao
volume excedente. O fato de a recorrência do fenômeno ultrapassar uma década não é justificativa para a falta de rigor do poder
público em impor limites à construção em áreas de risco.
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