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CLÓVIS ROSSI
Território minado
TÓQUIO - A obsessão do governo George Walker Bush com o terrorismo e, mais recentemente, com o Iraque ainda não contaminou as negociações comerciais de que os Estados
Unidos participam. Mas a perspectiva de que se espalhe pelo comércio é
forte.
A Folha ouviu da delegação norte-americana que está em Tóquio para
a chamada Mini-Ministerial da Organização Mundial do Comércio a
afirmação de que "há muita amargura em Washington com os europeus, mas acima de tudo com França
e Alemanha" (os países que mais resistem ao ataque ao Iraque).
Parte do oficialismo norte-americano não perdoa a "ingratidão" européia, depois que os Estados Unidos
"lutaram duas guerras em solo europeu para libertá- los".
Soa forte? É o espírito da coisa.
É nesse campo minado que o governo Luiz Inácio Lula da Silva está metendo crescentemente os pés. Não
tanto pela posição que adota em relação ao Iraque (contra a guerra, a
menos que seja determinada pelo
Conselho de Segurança das Nações
Unidas).
O Brasil não tem voz, nem voto,
nem veto no Conselho, nem tropas
para mandar ao Iraque. Não é, portanto, prioritário para Washington,
embora pudesse ser um aliado importante para sinalizar ao mundo
que o apoio à guerra é muito amplo.
O ponto é outro. De um lado, há
iniciativas diplomáticas do Brasil na
Venezuela, primeiro, e em preparação na Colômbia, sempre na contramão dos desejos ocultos ou evidentes
de Washington.
E há a questão da Alca (Área de Livre Comércio das Américas). A abertura comercial foi alçada à condição
de parte integrante da luta contra o
terrorismo logo após o 11 de setembro. O Brasil até tem interesse na Alca, mas não nos termos até agora
postos pelos EUA.
Já seria uma batalha árdua em
condições normais. Com o belicoso
messianismo do governo Bush, nem
se fala.
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