UOL




São Paulo, sábado, 15 de fevereiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CLÓVIS ROSSI

Território minado

TÓQUIO - A obsessão do governo George Walker Bush com o terrorismo e, mais recentemente, com o Iraque ainda não contaminou as negociações comerciais de que os Estados Unidos participam. Mas a perspectiva de que se espalhe pelo comércio é forte.
A Folha ouviu da delegação norte-americana que está em Tóquio para a chamada Mini-Ministerial da Organização Mundial do Comércio a afirmação de que "há muita amargura em Washington com os europeus, mas acima de tudo com França e Alemanha" (os países que mais resistem ao ataque ao Iraque).
Parte do oficialismo norte-americano não perdoa a "ingratidão" européia, depois que os Estados Unidos "lutaram duas guerras em solo europeu para libertá- los".
Soa forte? É o espírito da coisa.
É nesse campo minado que o governo Luiz Inácio Lula da Silva está metendo crescentemente os pés. Não tanto pela posição que adota em relação ao Iraque (contra a guerra, a menos que seja determinada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas).
O Brasil não tem voz, nem voto, nem veto no Conselho, nem tropas para mandar ao Iraque. Não é, portanto, prioritário para Washington, embora pudesse ser um aliado importante para sinalizar ao mundo que o apoio à guerra é muito amplo.
O ponto é outro. De um lado, há iniciativas diplomáticas do Brasil na Venezuela, primeiro, e em preparação na Colômbia, sempre na contramão dos desejos ocultos ou evidentes de Washington.
E há a questão da Alca (Área de Livre Comércio das Américas). A abertura comercial foi alçada à condição de parte integrante da luta contra o terrorismo logo após o 11 de setembro. O Brasil até tem interesse na Alca, mas não nos termos até agora postos pelos EUA.
Já seria uma batalha árdua em condições normais. Com o belicoso messianismo do governo Bush, nem se fala.


Texto Anterior: Editoriais: DEMOCRACIA DIRETA

Próximo Texto: Brasília - Fernando Rodrigues: A sugestão de Suplicy
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.