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São Paulo, sábado, 15 de fevereiro de 2003

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FERNANDO RODRIGUES

A sugestão de Suplicy

BRASÍLIA - É ponderada a sugestão do senador Eduardo Suplicy, do PT paulista. Ele propõe que o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) faça um acordo com o seu partido e não assuma imediatamente a presidência da Comissão de Constituição e Justiça, a poderosa CCJ.
Suplicy acredita que seria de bom senso o PFL e ACM escolherem um outro senador para ficar interinamente na presidência da CCJ. ACM poderia assumir eventualmente depois que o caso dos grampos telefônicos ilegais na Bahia fosse esclarecido. Estaria assim preservada a instituição e o próprio acusado.
Não seria um fato inédito. Casos mais extremos aconteceram nessa linha. Itamar Franco afastou temporariamente um ministro de Estado, Henrique Hargreaves, acusado de um ato impróprio. Depois de tudo apurado, já inocentado, Hargreaves voltou para o cargo.
As presidências das comissões permanentes do Senado são distribuídas de acordo com o tamanho da bancada de cada partido. Coube ao PFL a CCJ. Como ACM é o mais influente senador da sigla, ficou com a vaga. Até aí, nada de mais.
Ocorre que mais de 400 telefones foram grampeados na Bahia. As acusações são fortíssimas em direção ao grupo carlista. Ninguém tem o direito de prejulgar, mas é necessário admitir que existem mesmo muitos indícios contra ACM.
Na quarta-feira, a CCJ será formalmente instalada. Em seguida, seus 23 senadores, entre os quais ACM, votarão para eleger o presidente da comissão. Em geral, essas escolhas são atos protocolares, previsíveis.
Desta vez, haverá constrangimento. Senadores falam pelos corredores que a imagem da Casa ficará abalada se ACM for eleito.
Um gesto do baiano acabaria com o mal-estar. Basta acatar a ponderada sugestão de Eduardo Suplicy.


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