|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
A sugestão de Suplicy
BRASÍLIA - É ponderada a sugestão do senador Eduardo Suplicy, do PT
paulista. Ele propõe que o senador
Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA)
faça um acordo com o seu partido e
não assuma imediatamente a presidência da Comissão de Constituição
e Justiça, a poderosa CCJ.
Suplicy acredita que seria de bom
senso o PFL e ACM escolherem um
outro senador para ficar interinamente na presidência da CCJ. ACM
poderia assumir eventualmente depois que o caso dos grampos telefônicos ilegais na Bahia fosse esclarecido.
Estaria assim preservada a instituição e o próprio acusado.
Não seria um fato inédito. Casos
mais extremos aconteceram nessa linha. Itamar Franco afastou temporariamente um ministro de Estado,
Henrique Hargreaves, acusado de
um ato impróprio. Depois de tudo
apurado, já inocentado, Hargreaves
voltou para o cargo.
As presidências das comissões permanentes do Senado são distribuídas
de acordo com o tamanho da bancada de cada partido. Coube ao PFL a
CCJ. Como ACM é o mais influente
senador da sigla, ficou com a vaga.
Até aí, nada de mais.
Ocorre que mais de 400 telefones foram grampeados na Bahia. As acusações são fortíssimas em direção ao
grupo carlista. Ninguém tem o direito de prejulgar, mas é necessário admitir que existem mesmo muitos indícios contra ACM.
Na quarta-feira, a CCJ será formalmente instalada. Em seguida, seus 23
senadores, entre os quais ACM, votarão para eleger o presidente da comissão. Em geral, essas escolhas são
atos protocolares, previsíveis.
Desta vez, haverá constrangimento.
Senadores falam pelos corredores que
a imagem da Casa ficará abalada se
ACM for eleito.
Um gesto do baiano acabaria com
o mal-estar. Basta acatar a ponderada sugestão de Eduardo Suplicy.
Texto Anterior: Tóquio - Clóvis Rossi: Território minado Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Carlos Augusto Índice
|