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Chávez na encruzilhada
HUGO CHÁVEZ comemora
uma década no poder
agarrado ao retrocesso
continuísta. Ainda restam quatro anos de mandato ao presidente venezuelano, mas, mesmo
assim, a população hoje é convocada a votar, em referendo, uma
mudança constitucional que institui a reeleição ilimitada.
Proposta semelhante já havia
sido rejeitada pela população em
dezembro de 2007. As pesquisas
mais confiáveis indicam um empate técnico, com leve vantagem
para o sim. Pouco importa. O
presidente já declarou que, se
sair derrotado, vai apresentar a
medida novamente.
O referendo, convocado menos de três meses após as eleições regionais -quando o chavismo perdeu em Estados importantes-, acontece num momento delicado para Chávez. A
escalada de intimidação contra a
oposição, com atos violentos se
multiplicando, acompanha a desagregação econômica, atingida
em cheio pela crise global e a derrocada do preço do petróleo.
Até o ano passado, o petropopulismo se beneficiava da receita
estatal inflada pelas exportações
do combustível. Desde a inversão do ciclo, o governo faz malabarismos fiscais para evitar o
pior. A corda, porém, já foi esticada em demasia. Abundam sinais de que medidas impopulares estejam para ser anunciadas
após o referendo.
A estatal petrolífera PDVSA
atrasa o pagamento a fornecedores. A desvalorização do bolívar
-mantido congelado artificialmente- parece incontornável.
A criação de tributos -como
uma versão local da CPMF- ou
o aumento da alíquota do imposto sobre mercadorias também
são cogitados. Inflação anual de
30%, violência urbana em níveis
alarmantes e uma queda projetada no PIB de até 2,5% em 2009
indicam risco crescente à popularidade presidencial -e explicam a exasperação chavista.
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