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CLÓVIS ROSSI
O patrimônio jogado no cassino
SÃO PAULO - O economista Paulo
Rabello de Castro, colunista desta
Folha, montou uma tabela com as
perdas com a crise já reconhecidas
pelos bancos. São sete instituições
dos EUA, duas suíças e, as outras,
do Reino Unido, Holanda e França.
Perdas já reconhecidas: US$ 89,5
bilhões. Exposição remanescente:
US$ 267 bilhões.
A soma já é considerável. Corresponde a cerca de um quarto de toda
a economia brasileira.
Mas é um número pequeno, se se
considerar que o economista listou
apenas 12 instituições e somou só
as perdas reconhecidas oficialmente. Fica, por isso mesmo, longe dos
apocalípticos números de algumas
previsões, que falam em perdas de
US$ 1 trilhão.
Mais grave do que o número bruto é saber que o ele significa: na média ponderada, essas 12 instituições
comprometeram com apostas arriscadas 40,51% do patrimônio. Se,
como é razoável supor, essa proporção vale para o conjunto do sistema
financeiro no mundo rico, de fato
terá razão o editorial de ontem do
jornal britânico "The Times" ao dizer: "Todos os sinais são de que o
mundo está no meio de uma crise
financeira diferente de qualquer
coisa vista antes".
Apocalipse à parte, espanta ver a
avaliação que faz ninguém menos
que um Nobel de Economia, Edmund Phelps, em artigo para o
"Wall Street Journal" de ontem: para ele, a crise é culpa do fato de a
maioria dos economistas "ter pretendido que a economia é essencialmente previsível e compreensível" e que, portanto, "decisões econômicas e decisões políticas (...) podem ser reduzidas a uma ciência".
Não foi aposta na ciência, caro
Nobel. Aqui, corro o risco de concordar com o presidente Lula, que,
intuitivamente, disse, no começo
da história, que se tratava de "ganância de alguns fundos de investimento", que imaginaram estar em
"um cassino".
crossi@uol.com.br
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