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Oportunidade perdida
A CÂMARA dos Deputados
desperdiçou a chance de
corrigir de maneira equilibrada distorções na legislação
sobre royalties relativos à exploração de petróleo -e criou novas
iniquidades. Como se sabe, Estados e municípios produtores têm
direito a receber recursos associados à atividade petrolífera.
Embora em alguns pontos os
critérios de distribuição pudessem ser aperfeiçoados, ignorou-se o direito das áreas produtoras
e a necessidade de introduzir na
legislação mecanismos que inibam desperdícios na gestão dos
fundos. Não por acaso, governos
beneficiados por royalties apresentam gastos exagerados com
custeio da máquina e com os
próprios legislativos.
Foi após o anúncio da descoberta de petróleo na camada do
pré-sal que o governo federal
propôs ao Congresso uma série
de alterações no marco regulatório do setor. Mas manteve, na essência, o atual formato para a
concessão dos royalties.
A pretexto de corrigir excessos,
a Câmara aprovou uma regra que
vincula a distribuição do bônus
aos critérios de alocação de recursos dos fundos de participação dos Estados e dos municípios. Essa alteração eliminou o
princípio, sem dúvida justo, de
que as unidades produtoras merecem compensações financeiras mais elevadas pelos problemas econômicos, demográficos e
ambientais associados à exploração do petróleo.
Além disso, ficou evidente que
a prioridade conferida pelos parlamentares à "distribuição do
bolo" atropelou preocupações
mais relevantes. Os royalties se
originam da exploração de um
recurso natural finito. São necessárias, portanto, regras para garantir sua aplicação em investimentos que possam gerar mais
recursos no futuro -e não apenas mais despesas.
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