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De novo Berlusconi
HÁ DOIS ANOS , pouco mais
da metade dos italianos
respirava aliviada com a
derrota de Silvio Berlusconi,
após cinco anos de governo. Ontem, pouco mais da metade dos
italianos decidiu recolocá-lo no
poder. Com a vitória de sua coalizão na Câmara e no Senado, o
magnata italiano conquistou seu
terceiro mandato como premiê.
O que mudou de 2006 para cá?
Houve o governo de centro-esquerda de Romano Prodi, ampla
coalizão que abrangia de católicos a comunistas. Como a maioria das administrações na Itália,
a gestão tornou-se refém dos interesses contraditórios dos partidos que a apoiavam e mergulhou em paralisia e ineficiência.
Já há 15 anos a economia da
Itália se sai pior que a média da
União Européia. Para este ano, o
FMI prevê um crescimento de
apenas 0,3% para a Itália, contra
1,4% para os 15 países que constituem a zona do euro. A melhora
da performance passaria por reformas estruturais que nenhum
governo consegue promover.
É pouco provável que Berlusconi em seu novo mandato consiga. Trata-se essencialmente do
mesmo personagem que, afora
muito modestas melhoras no sistema de aposentadorias e de emprego, dedicou a maior parte de
suas energias a promover legislações que o beneficiavam, a seu
partido e a seus negócios.
Foi com base nessas leis casuísticas que conseguiu escapar
a condenações judiciais em processos a que respondia, sob acusação de lavagem de dinheiro,
cumplicidade em assassinato,
conexões com a Máfia, evasão de
impostos e corrupção.
O Berlusconi 3.0, entretanto,
traz uma vantagem sobre as versões anteriores. Desta vez, ele se
apresenta numa coalizão de apenas três agremiações, o que tende a tornar o governo mais estável. A gestão Prodi caiu pela defecção de um micropartido que
obtivera apenas 1,5% dos votos.
Enquanto a Itália não sustentar um programa de reformas
que enxugue a máquina estatal,
flexibilize as relações trabalhistas e aumente o tempo até a aposentadoria, a economia e a política do país mal sairão do lugar.
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