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CLÓVIS ROSSI
Malufsconi
ROMA - São 2.761 anos de civilização, a se completarem segunda-feira, se contados a partir da data de fundação de Roma. Tudo isso para
terminar em um Berlusconi-3. Ou
seja, na terceira eleição intercalada
de Silvio Berlusconi.
Em mais de um aspecto, Berlusconi é o Maluf da Itália. Primeiro
aspecto: ambos são milionários.
Berlusconi mais que Maluf. Só perde, na Itália, para o dono dos chocolates Ferrero Rocher.
Segundo aspecto: ambos sofreram ao longo dos anos uma catarata
de acusações de corrupção. No caso
de Berlusconi, são 12 grandes processos. No de Maluf, perdi a conta.
Não creio que haja em países democráticos outros dirigentes que tenham sido alvo de tão grande número de suspeitas.
Terceira coincidência: nunca um
ou o outro foi condenado.
Nem pelo eleitorado. Berlusconi,
quando não ganha, fica em segundo
lugar. Maluf foi perdendo peso eleitoral, é verdade. Deixou de ser relevante nas eleições majoritárias.
Nunca o foi em pleitos nacionais.
Ainda assim, teve espetacular votação para deputado federal.
Sou capaz de entender o voto em
Maluf. Fez um punhado de obras
em São Paulo. Se são as obras certas, se foram ou não superfaturadas, é uma outra discussão. Mas
Berlusconi? Seus dois governos anteriores foram ou muito breve (o
primeiro) ou um período de declínio (o segundo). Não deixa nem ao
menos um "minhocão".
É verdade que seus sucessores, de
centro-esquerda, tampouco foram
exatamente brilhantes.
Diz, por exemplo, Francesco Daveri, professor de economia da Universidade de Parma: "Nos últimos
15 anos, a economia italiana tem
enfrentado crescimento declinante, inferior ao de outros grandes
países europeus, independentemente da orientação política do governo de turno".
Fugir para o passado após 2.756
anos de civilização?
crossi@uol.com.br
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