São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 2008

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CLÓVIS ROSSI

Malufsconi

ROMA - São 2.761 anos de civilização, a se completarem segunda-feira, se contados a partir da data de fundação de Roma. Tudo isso para terminar em um Berlusconi-3. Ou seja, na terceira eleição intercalada de Silvio Berlusconi.
Em mais de um aspecto, Berlusconi é o Maluf da Itália. Primeiro aspecto: ambos são milionários. Berlusconi mais que Maluf. Só perde, na Itália, para o dono dos chocolates Ferrero Rocher.
Segundo aspecto: ambos sofreram ao longo dos anos uma catarata de acusações de corrupção. No caso de Berlusconi, são 12 grandes processos. No de Maluf, perdi a conta. Não creio que haja em países democráticos outros dirigentes que tenham sido alvo de tão grande número de suspeitas.
Terceira coincidência: nunca um ou o outro foi condenado. Nem pelo eleitorado. Berlusconi, quando não ganha, fica em segundo lugar. Maluf foi perdendo peso eleitoral, é verdade. Deixou de ser relevante nas eleições majoritárias. Nunca o foi em pleitos nacionais.
Ainda assim, teve espetacular votação para deputado federal. Sou capaz de entender o voto em Maluf. Fez um punhado de obras em São Paulo. Se são as obras certas, se foram ou não superfaturadas, é uma outra discussão. Mas Berlusconi? Seus dois governos anteriores foram ou muito breve (o primeiro) ou um período de declínio (o segundo). Não deixa nem ao menos um "minhocão".
É verdade que seus sucessores, de centro-esquerda, tampouco foram exatamente brilhantes.
Diz, por exemplo, Francesco Daveri, professor de economia da Universidade de Parma: "Nos últimos 15 anos, a economia italiana tem enfrentado crescimento declinante, inferior ao de outros grandes países europeus, independentemente da orientação política do governo de turno".
Fugir para o passado após 2.756 anos de civilização?

crossi@uol.com.br


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