São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 2008

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ELIANE CANTANHÊDE

O foco em Meirelles

BRASÍLIA - O personagem da semana é Henrique Meirelles, presidente do Banco Central que Lula transformou em ministro para proteger contra a sanha assassina da oposição. Só que o problema de Meirelles não está fora, mas, sim, dentro do próprio governo.
Ele foi nomeado para o BC por absoluta falta de nomes petistas e de economistas além-PT dispostos a encarar o desafio. Foi o sexto ou sétimo convidado, e cedeu, para alívio de Lula e desespero de setores petistas que assumiam avidamente o poder. Afinal, Meirelles foi presidente mundial do nada petista BankBoston e deputado mais votado de Goiás em 2002 pelo PSDB.
Hoje, ele continua uma ilha no governo. E com a espinhosa missão de aumentar os juros, contra tudo e contra todos, especialmente contra o ministros Guido Mantega e Dilma Rousseff, além de outros menos cotados, mas palpiteiros.
Num dia, Lula lavou as mãos e liberou indiretamente o BC para fazer o jogo sujo, quer dizer, aumentar os juros. No outro, desdisse o que dissera e jogou a culpa, como sempre, na imprensa. Mas que ele disse, disse. Está gravado.
No foco em Brasília por enfrentar os "companheiros" nas grandes questões nacionais, Meirelles encontra tempo para discutir com outro gênero de companheiros as miúdas questões paroquiais em Goiás. Gente assim como o deputado federal Sandro Mabel, atualmente no PR, que foi líder do PL durante a fartura do mensalão. É que Meirelles só pensa naquilo: ser candidato. A qualquer coisa.
Não foi à toa que ele trocou o BankBoston para se meter na política goiana. Foi para se candidatar a presidente da República. Baixou a expectativa para governador e acabou deputado. Mas tem enorme vocação ($$$), e o céu é o limite.
Deve, porém, mirar-se no exemplo de Antonio Palocci, que era um em Brasília e outro em Ribeirão Preto, até que os dois uniram-se num só. E caiu a máscara.

elianec@uol.com.br


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