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CARLOS HEITOR CONY
Lula e o poste
RIO DE JANEIRO - Pelo jeito que
as coisas vão, uma antiga piada pode ser ressuscitada: qualquer candidato presidencial que surja nos próximos meses será uma espécie de
poste -uma coisa para constar na
cédula eleitoral encimada por um
nome bastante conhecido.
Diversos fatores sustentam a hipótese. Em primeiríssimo lugar, a
vontade (quase diria a obstinação)
do presidente em ficar mais quatros
anos no poder. E, conforme o rodar
da carruagem, mais tempo ainda.
Em segundo lugar, a ausência de
um nome fortíssimo na oposição.
Há candidatos viáveis (Aécio, Serra,
Cabral), mas nenhum deles, mesmo
reunidos num acordo de última hora, poderá derrubar a taxa de aprovação que Lula vem obtendo e que
tende a aumentar, apesar de todos
os pesares.
A popularidade do presidente
transcende aos fatos político, econômico, social, religioso. É uma
questão de tripa, de víscera. Uma
empatia que só é igual na escolha de
um clube de futebol. O time pode
estar péssimo, cheio de pernas-de-pau, sem comando, sem dar uma
dentro, mas ninguém deixa de torcer por ele. Amor à camisa, sei lá.
O mais curioso é que os adversários do presidente estão mais empolgados do que os simpatizantes
de Lula. A mídia retrata esta empolgação na medida em que pouco se
refere à maioria silenciosa que só se
manifesta nas pesquisas.
Faltando tanto tempo para a
campanha começar de fato (ela já
começou desde o primeiro dia do
segundo governo), os nomes que
vão surgindo cumprem o heróico
papel de boi de piranha - é duro
chamar a Dilma de boi. Mas houve
no passado o caso da Roseana Sarney, queimada numa jogada até hoje mal-explicada.
Bem, o entrave constitucional
não será entrave. Na devida hora, e
mais uma vez, todos saberão o que
fazer.
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