São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 2008

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CARLOS HEITOR CONY

Lula e o poste

RIO DE JANEIRO - Pelo jeito que as coisas vão, uma antiga piada pode ser ressuscitada: qualquer candidato presidencial que surja nos próximos meses será uma espécie de poste -uma coisa para constar na cédula eleitoral encimada por um nome bastante conhecido.
Diversos fatores sustentam a hipótese. Em primeiríssimo lugar, a vontade (quase diria a obstinação) do presidente em ficar mais quatros anos no poder. E, conforme o rodar da carruagem, mais tempo ainda.
Em segundo lugar, a ausência de um nome fortíssimo na oposição. Há candidatos viáveis (Aécio, Serra, Cabral), mas nenhum deles, mesmo reunidos num acordo de última hora, poderá derrubar a taxa de aprovação que Lula vem obtendo e que tende a aumentar, apesar de todos os pesares.
A popularidade do presidente transcende aos fatos político, econômico, social, religioso. É uma questão de tripa, de víscera. Uma empatia que só é igual na escolha de um clube de futebol. O time pode estar péssimo, cheio de pernas-de-pau, sem comando, sem dar uma dentro, mas ninguém deixa de torcer por ele. Amor à camisa, sei lá.
O mais curioso é que os adversários do presidente estão mais empolgados do que os simpatizantes de Lula. A mídia retrata esta empolgação na medida em que pouco se refere à maioria silenciosa que só se manifesta nas pesquisas.
Faltando tanto tempo para a campanha começar de fato (ela já começou desde o primeiro dia do segundo governo), os nomes que vão surgindo cumprem o heróico papel de boi de piranha - é duro chamar a Dilma de boi. Mas houve no passado o caso da Roseana Sarney, queimada numa jogada até hoje mal-explicada.
Bem, o entrave constitucional não será entrave. Na devida hora, e mais uma vez, todos saberão o que fazer.


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