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CLÓVIS ROSSI
FHC 2003
MADRI - Fernando Henrique Cardoso continuará presidente a partir de
1º de janeiro de 2003. Calma, "fernandista" de carteirinha, segure o orgasmo. Calma, inimigo jurado do
presidente. Não se trata da "re-reeleição", o indecente balão-de-ensaio
lançado por certos meios políticos.
Trata-se apenas de informar que
Fernando Henrique Cardoso presidirá, a partir de 1º de janeiro, o Clube
de Madri, uma agrupação que reúne
22 ex-governantes, criado na terça-feira, como corolário de uma conferência em outubro passado de que
FHC igualmente participou.
FHC foi escolhido na dupla condição de "dirigente político e acadêmico de grande prestígio", disse ao jornal espanhol "El País" a atual presidente (interina) do clube, a ex-premiê canadense Kim Campbell.
Não pode haver emprego melhor,
aos olhos de FHC, porque ele, desde
que era sociólogo, sempre teve gosto
por assuntos internacionais e sempre
foi bem informado a respeito deles.
Parece evidente, mesmo a olho nu,
que se sente mais à vontade com, digamos, o presidente da Armênia, o
mais recente visitante internacional
ao Brasil, do que com 90% dos líderes
da coalizão governista.
O Clube de Madri é uma criação da
Fride (Fundação para as Relações Internacionais e para o Diálogo Exterior), presidida pelo mecenas espanhol Diego Hidalgo, e da Fundação
Gorbatchev da América do Norte, comandada, como diz o nome, por Mikhail Gorbatchev, o líder que conduziu o desmanche da União Soviética.
Pode ser coincidência, mas pode ser
também a confirmação do que já escrevi duas vezes neste espaço: FHC é
um pouco o Gorbatchev brasileiro,
por ter mais prestígio externo do que
interno, como o ex-líder soviético, ao
qual de alguma forma se associa.
Na vez mais recente em que fiz esse
comentário, FHC reclamou. Disse
que seu prestígio era também interno. É possível, presidente, mas quanto o senhor estaria disposto a apostar
na vitória de José Serra, o maior teste
para seu prestígio interno?
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