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CARLOS HEITOR CONY
A Argentina e Fujimori
RIO DE JANEIRO - Dólar subindo, ameaçando bater nos R$ 3, política
de juros mais truculenta, Bolsas despencando, o espectro da Argentina
rondando nossa economia -e tudo
isso por causa de uma pesquisa que
continua dando Lula ainda na liderança das intenções de voto para a
próxima sucessão presidencial.
Não faz muito tempo, quando um
país ameaçava ter uma política independente em relação às grandes metrópoles do capital (Londres ou Washington), tínhamos a esquadra inglesa fazendo ""exercícios" em águas territoriais do país em causa. Nos anos
60, havia até uma operação, a Unitas, por cuja conta fundeavam no
cais do porto, aqui no Rio, algumas
belonaves da Marinha dos EUA.
Esse tempo passou -pelo menos
por enquanto. Mas há um tipo de
pressão tão eficiente quanto a ameaça de intervenção militar. Não envolve governos, mas bancos e empresas
multinacionais com capacidade de
recomendar boicotes tão eficientes
quanto o de Cuba -esta, sim, continua sendo uma questão de governo
contra governo.
Os recados estão sendo dados. No
caso de uma vitória da oposição, seja
ela de Lula, de Garotinho ou mesmo
de Ciro, a cobra vai fumar. Não teremos empresários fugindo em massa
para o exterior, mas os próprios investimentos irão embora, deixando o
Brasil entregue a um Orçamento que
mal dá para pagar suas despesas domésticas.
As pressões só acabarão quando
houver certeza absoluta de que a política econômica do Brasil continuará a mesma, tendo como núcleo o
atual presidente da República, o ministro da Fazenda e o presidente do
Banco Central.
A insinuação é clara. A melhor saída para o capital estrangeiro (e grande parte do nacional) não será apenas o continuísmo, mas também a
continuidade. O próprio Serra é problemático. Daí que são dois espectros
a nos espreitar: a Argentina como advertência e Fujimori como solução.
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