São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 2006

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ELIANE CANTANHÊDE

Os com-Varig e os sem-Varig

BRASÍLIA - Aviso aos navegantes, ou melhor, aos passageiros da Varig: guardem bem os seus bilhetes, aconteça o que acontecer. Eles serão valiosos para quem, por exemplo, está na Alemanha para a Copa do Mundo e pode se ver na crítica situação de não ter um avião para voar nem um teto para ficar. Caso a Varig pare de voar, a orientação do Itamaraty para consulados e embaixadas é dar apoio de dois tipos para os 16 mil brasileiros que estão fora com passagens da companhia. O primeiro, para turistas e torcedores, é fornecer informações, contatos e facilitar a acomodação em outras companhias. O segundo, para emergências ou para cidadãos considerados "desvalidos", pode ser mais efetivo: providenciar hospedagem e até -em último caso- pagar nova passagem. Essa distinção tem base no próprio princípio da ajuda consular, destinada especialmente a brasileiros sem eira nem beira, que não tenham onde cair mortos nem a quem pedir socorro no exterior. E o aviso para guardar os bilhetes tem um bom motivo: o governo está disposto a liberar verbas extras para consulados e embaixadas que as solicitarem para socorrer os sem-Varig, mas, ao mesmo tempo, morre de medo de aparecerem montes de oportunistas para tirar uma casquinha do drama alheio. Quem conhece brasileiro -e, cá para nós, bem baixinho, principalmente brasileiro no Primeiro Mundo- sabe que ele é bem capaz disso. Aparecer no consulado com cara de vítima, pedindo uma passagenzinha, por favor. E cadê o seu bilhete? "Ah, perdi". Fora isso, há algo que o Itamaraty não pode fazer, mas a Anac deveria considerar sua prioridade número um neste momento: a segurança dos passageiros. Porque, com o voa-não-voa dos últimos dias, esse é, sem dúvida, o maior risco.

elianec@uol.com.br


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