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CARLOS HEITOR CONY
Esquadras e tropas de choque
RIO DE JANEIRO - Fiquei espantado com a indignação geral causada pela depredação da Câmara. Foi
unânime a consideração de que se
tratava de um ato de "vandalismo".
Do presidente da República ao mais
insignificante escriba da praça, todos falaram em vandalismo.
Acontece que os vândalos são de
outros tempos, tempos antigos, e tinham motivações em geral guerreiras, saqueavam cidades indefesas,
matavam, roubavam, incendiavam,
estupravam, eram realmente vândalos e se diferenciavam de outros
guerreiros, que, mesmo lutando,
não ultrapassavam certos limites.
O episódio da semana passada remete a um tipo de vandalismo mais
recente e letal. Lembra as arruaças
promovidas pelos nazistas na Alemanha antes da subida de Hitler ao
governo e, na Itália, quando Mussolini queria arrancar alguma medida
fascista que aumentasse o seu poder. Um e outro botavam nas ruas
suas tropas de choque, assustando a
sociedade e agredindo a ordem vigente. Só pararam quando a ordem
vigente foi a deles, o nazismo na
Alemanha e o fascismo na Itália. A
partir de então, os mesmos arruaceiros eram os vigilantes da nova
ordem.
Longe de mim atribuir a Lula
qualquer nexo com Hitler ou Mussolini. Mas seu partido, engolfado
na onda de corrupção inédita na
história dos partidos nacionais,
sempre teve uma conotação totalitária, de conseguir seus objetivos na
marra, na base do pau. E, em alguns
casos, até mesmo em episódios suspeitos que terminaram em mortes.
Lula não precisa das "squadre"
fascistas nem de "SS" nazistas para
se reeleger. Mas o programa de salvação nacional, sobre o qual fez sua
carreira até chegar lá, vem motivando não apenas a corrupção desenfreada mas a violência, que, lá
atrás, muito lá atrás, era a dos vândalos e, mais recentemente, a dos
nazistas e fascistas.
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