São Paulo, sexta-feira, 15 de junho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELIANE CANTANHÊDE

O pecado vem de cima

BRASÍLIA - Sempre há mil e um pretextos para adiar a reforma política, e desta vez é a falta de consenso sobre a lista fechada de candidatos, quando a cúpula partidária "elege" os felizardos, e o eleitor vota no partido, não em nomes.
Os favoráveis lembram exemplos como o de Ulysses Guimarães, fundamental no jogo político nacional, mas "ruim de voto". Ou seja, a mudança seria positiva para garantir os líderes efetivos e reforçar os partidos. Seria ótimo se os líderes não fossem como são.
Os contrários argumentam que os partidos estão estraçalhados, que seus líderes se meteram nas piores confusões e que as listas bloqueariam qualquer chance de renovação política. Simplesmente manteriam os erros -e os errados.
Esse argumento tem até cara(s) e nome(s), basta cotejar a lista dos presidentes dos partidos da base aliada ao governo à dos principais envolvidos no mensalão e ver que elas se confundiam. Eram os presidentes do PTB, do PP, do PL e do próprio PT. Em caso de lista fechada, seriam eles e seus paus-mandados que definiriam os candidatos.
Como diziam os petistas que se rebelaram contra a posição da cúpula pró-lista fechada, os "Delúbios da vida" é que acabariam determinando quem seria e quem não seria candidato, ou seja, quem entraria ou não no reino dos céus.
Como tudo em política (e deve ser assim mesmo), o mais provável é que haja um meio-termo, uma "lista híbrida" contemplando um tratamento especial aos efetivos líderes, mas com possibilidade de votar em candidatos separadamente. Disso depende todo o resto da reforma -ou, pelo menos, dependia.
Ontem, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, já dizia que o verdadeiro eixo não é a lista, mas o financiamento público de campanhas. Ah, bom! Agora é que ficou fácil. Será? A reforma política é aquela que todo mundo defende, mas ninguém faz.


elianec@uol.com.br

Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: As bestas e o espetáculo
Próximo Texto: Rio de Janeiro - Nelson Motta: As aparências não enganam
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.