São Paulo, segunda-feira, 15 de julho de 2002

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EDITORIAIS

PEGADA ECOLÓGICA

O alerta lembra as previsões catastrofistas do economista inglês Thomas Robert Malthus (1766-1834), para quem o crescimento da população sempre tenderia a superar o da produção de alimentos. A semelhança não deve, contudo, servir para descartar como mero alarmismo os novos dados sobre o consumo de recursos naturais divulgados na semana passada pela ONG ambientalista internacional WWF (Fundo Mundial para a Natureza).
No relatório "Planeta Vivo 2002", a WWF traz o conceito de Pegada Ecológica. É um índice que computa quanto território seria necessário para o desenvolvimento equilibrado. Ele leva em conta, por exemplo, quanto de floresta seria necessário que existisse para compensar as emissões de gás carbônico utilizadas para a geração de energia.
O planeta tem 11,4 bilhões de hectares de terra e espaço marinho produtivos, o que dá 1,9 hectares de área produtiva para cada um de seus 6 bilhões de habitantes. Mas, nos atuais padrões de consumo, a média de território per capita necessária para o desenvolvimento sustentável já seria de 2,3 hectares. Nós já estaríamos, portanto, utilizando os recursos naturais num nível 20% superior ao da capacidade de reposição.
Cabe analogia com o cheque especial. Estaríamos, segundo a WWF, utilizando recursos do planeta "a crédito". Pelos cálculos da organização, atualmente "gastamos" 20% mais do que poderíamos, se a meta fosse o equilíbrio. O "endividamento" pode ser necessário para o crescimento, mas ele não deve exceder níveis considerados administráveis.
O Fundo Mundial para a Natureza não recai no mesmo erro de Malthus, que deixou de considerar os avanços tecnológicos em suas contas. A ONG afirma que a chave para o problema está na ciência. Técnicas agrícolas mais eficientes e novas fontes de energia mais limpas, ao lado de padrões mais racionais de consumo, devem bastar para evitar o pior. Essa é a visão otimista.


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