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HORA DE CORTAR JUROS
Veio a público na quarta-feira
mais uma evidência de que o dinamismo do mercado interno permanece modesto e com risco de se
esgotar proximamente. A Pesquisa
Mensal do Comércio, realizada em
âmbito nacional pelo IBGE, apurou
que de abril para maio o volume de
vendas do varejo aumentou 0,4%
(descontadas as influências sazonais), situando-se 2,7% acima do patamar de maio do ano passado.
Esse número, que à primeira vista
seria bastante positivo, foi, porém,
inferior ao que esperavam bancos e
consultorias -até porque de março
para abril o resultado havia caído.
A pesquisa também trouxe à luz alguns aspectos preocupantes relativos à composição das vendas. O segmento que vem sustentando o crescimento é o de móveis e eletrodomésticos, sabidamente estimulado pelo
crescente endividamento dos consumidores -situação que tende a encontrar limites mais adiante. Já as
vendas do segmento de híper e supermercados, alimentos, bebidas e
fumo, cujo desempenho está mais ligado à evolução do emprego e da
renda do que ao crédito voltaram a
cair em maio, depois da retração verificada de março para abril.
Sabe-se que a expansão do emprego, em particular na indústria, vem
reduzindo seu ímpeto. A Sondagem
da Indústria de Transformação da
Fundação Getúlio Vargas, também
divulgada anteontem, ratificou a
perspectiva de que esse processo
prossiga, pois a proporção dos empresários que disseram pretender demitir nos próximos meses (20%) superou a daqueles que afirmaram ter
planos de contratar (16%). Foi a primeira vez, desde abril de 2002, que o
saldo entre essas duas respostas se
revelou negativo.
Uma desaceleração do emprego
naturalmente limitaria a margem para endividamento adicional dos consumidores. São novas indicações de
que o Banco Central precisa dar início a reduções progressivas da taxa
básica de juros, sem o que a atividade
econômica voltada para o mercado
interno poderá resvalar para a estagnação neste segundo semestre.
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