São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 2005

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CPIs SEPARADAS

Não se confirmou a hipótese de uma fusão das CPIs dos Correios e do "mensalão". Venceu a posição do Planalto e dos aliados de que casos diferentes devem ser apurados por comissões distintas.
Ainda que a tese governista encontre apoio no regimento do Congresso, não faltam razões para lamentar que a tese da unificação dos trabalhos tenha naufragado. Há diversas intersecções entre os dois casos que justificariam uma investigação conjunta. Até mesmo o relator da comissão que apura o escândalo Correios, Delcídio Amaral (PT-MS), já admitiu que muitas das personagens do escândalo da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) têm conexões com os protagonistas do "mensalão".
O publicitário Marcos Valério é um dos exemplos mais clamorosos dessas ligações. Valério, que é acusado de ser o operador do esquema das mesadas para parlamentares juntamente com o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, foi levado à CPI ora em curso, devido aos contratos firmados entre suas agências de publicidade (a DNA Propaganda e a SMPB) e a ECT. Tampouco é possível esquecer que o histriônico deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), denunciante do suposto esquema do "mensalão", é, no caso dos Correios, um dos suspeitos.
Ao contrário do que defendeu o governo, uma única CPI poderia perfeitamente manter o foco tanto da condução dos depoimentos, quanto da avaliação dos documentos relativos às duas denúncias. Centralizar as investigações numa só comissão que, subdivida em sub-relatorias, tornasse mais ágeis os trabalhos e, ao final, reunisse os resultados num relatório conjunto seria a receita racional.
Com a descentralização das apurações, definida anteontem, há o risco de que as CPIs venham a competir umas com as outras, embaralhando as investigações. A decisão não chega a comprometer os inquéritos, mas com ela saem favorecidos aqueles que preferem apostar na dispersão dos esforços investigativos.


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