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NELSON MOTTA
Boca-livre eleitoral
RIO DE JANEIRO - Muita gente boa, por bons motivos, se enfurece quando
ouve falar em financiamento público
de campanhas eleitorais, ainda que
como remédio para diminuir o prejuízo da corrupção na administração
pública e no Parlamento.
É difícil acreditar que ladrões, espertalhões e fraudadores do atual
processo irão tirar o time de campo e
jogar limpo, ainda que por medo da
lei. Afinal, eles vivem disso, são do ramo. Muitos se candidatam e gastam,
continuarão gastando, o que for necessário apenas para gozar da imunidade parlamentar e do foro privilegiado para seus crimes.
Bancar as campanhas para tentar
impedir, ou pelo menos dificultar, relações criminosas entre financiadores, partidos e candidatos, vai nos
custar, calcula-se, mais de R$ 800 milhões além da fortuna em dinheiro
público que já é gasto livremente pelos partidos e candidatos no horário
eleitoral gratuito no rádio e na televisão. Você sabe quanto custa todo esse
espaço? Em horários nobres, todos os
dias, em todas as emissoras? Sim,
porque custam caro, claro. As emissoras são comerciais, vivem disso, de
vender programas e anúncios.
Como? Pensava que era mesmo
gratuito? Que as rádios e televisões
davam de presente à democracia?
Assim como não há almoço grátis,
não há spots, promos, nem satélites
gratuitos. Alguém tem de pagar essa
conta. Adivinha quem? Nós, companheiros e companheiras. Porque o
custo dessa veiculação resulta em dedução no Imposto de Renda dos veículos, uma fortuna que deixa de entrar nos combalidos cofres públicos.
Já não está de bom tamanho? Que
país rico, civilizado e democrático
oferece tal boca-livre publicitária milionária? E ainda nos querem tomar
mais R$ 800 milhões para financiar a
promoção desse pessoal?
Deveriam é reduzir drasticamente
o horário "gratuito".
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