São Paulo, Quinta-feira, 15 de Julho de 1999
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A Lei Áurea de FHC?

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - A reforma ministerial ideal seria aquela que deixasse muito claro que não foi levado em conta o loteamento do ministério pelos partidos da base governista.
Opinião de um dos tucanos mais importantes entre os dessa curiosa espécie da fauna política.
Era esse o critério que estava na cabeça do presidente Fernando Henrique Cardoso até o fim da semana. Será esse o critério que afinal prevalecerá quando for anunciada a reforma ministerial?
Responde outro tucano ilustre, o ministro das Comunicações e coordenador político do governo, Pimenta da Veiga:
"O presidente não pode esquecer o fato de que, em qualquer democracia representativa, o governo depende de uma base partidária de apoio. Mas a reforma deixará claro que o presidente não está sendo submetido a pressões partidárias."
Entendeu? Tentarei explicar: FHC não é louco para rifar de uma boa vez o apoio dos partidos que formam hoje a sua base parlamentar (PSDB, PMDB, PFL e penduricalhos). Mas não quer, pelo menos ao que diz seu coordenador político, ficar escravizado pelos partidos.
Parece sensato, mas também parece pouco FHC.
O que parece certo é que o presidente armou para si próprio um sério problema: ao pedir que seus ministros entregassem os cargos, criou, na interpretação mais benigna que se fez do gesto, a expectativa de que a reforma será mais ampla do que a maioria imaginava.
Se ela for minguada, o pessoal vai cair matando de novo em cima do presidente. Se os partidos governistas não sofrerem alterações mais ou menos importantes nas suas cotas, vai ser difícil convencer o público de que o presidente fez o que quis e não o que convém a uma sofrível base parlamentar, para dizer o menos.


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