São Paulo, Quinta-feira, 15 de Julho de 1999
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Operação resgate

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - Ao se jogar no tiroteio da ida da Ford para a Bahia, o governador Mário Covas tirou o presidente Fernando Henrique Cardoso da linha de frente. Ao reagir atirando, o governador César Borges também preservou o senador Antonio Carlos Magalhães na retaguarda.
O que era um confronto entre FHC e ACM foi reduzido para efeitos externos num bate-boca de Covas com Borges, deixando evidente que por trás das balas zunindo existe o velho bangue-bangue entre os tucanos paulistas e o PFL baiano.
Onde o PMDB entra nisso? Entra de dedo em riste, querendo garantir sólidos assentos no governo FHC, mas sem tentar reforçar a perna que lhe dá sustentação.
O governo tenta a duras penas se equilibrar em cima desse tripé perigosamente bambo: o PSDB, o PFL e o PMDB. A reforma ministerial, ou seja lá que nome tenha, é uma tentativa de FHC e principalmente dos tucanos de tentar remendar o banco, suspender os tiroteios com o PFL e fazer o PMDB engolir um assento correspondente à fragilidade de seu próprio apoio ao governo.
Ao longo desse processo de reforma, ou remendo, ficou evidente que os aliados mais fiéis e os amigos mais sinceros perderam totalmente a paciência com o excesso de paciência do presidente. Se é que se pode chamar esse jeito moreno de governar de "excesso de paciência".
Covas, Tasso Jereissati, Pimenta da Veiga, José Serra e Euclides Scalco assumiram o comando de uma "operação resgate" de FHC, exercendo uma pressão cerrada para que ele recupere autoridade e finalmente assuma o segundo mandato. Jorge Bornhausen, do PFL que não é baiano, aprovou integralmente.
Como qualquer operação de vida ou morte, esse resgate também faz vítimas. O problema é que FHC vem perdendo credibilidade, popularidade e ânimo. Não tinha muita opção. Ou a vítima seria ele.


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