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Operação resgate
ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - Ao se jogar no tiroteio da
ida da Ford para a Bahia, o governador Mário Covas tirou o presidente
Fernando Henrique Cardoso da linha
de frente. Ao reagir atirando, o governador César Borges também preservou o senador Antonio Carlos Magalhães na retaguarda.
O que era um confronto entre FHC e
ACM foi reduzido para efeitos externos num bate-boca de Covas com Borges, deixando evidente que por trás
das balas zunindo existe o velho bangue-bangue entre os tucanos paulistas
e o PFL baiano.
Onde o PMDB entra nisso? Entra de
dedo em riste, querendo garantir sólidos assentos no governo FHC, mas
sem tentar reforçar a perna que lhe dá
sustentação.
O governo tenta a duras penas se
equilibrar em cima desse tripé perigosamente bambo: o PSDB, o PFL e o
PMDB. A reforma ministerial, ou seja
lá que nome tenha, é uma tentativa de
FHC e principalmente dos tucanos de
tentar remendar o banco, suspender
os tiroteios com o PFL e fazer o PMDB
engolir um assento correspondente à
fragilidade de seu próprio apoio ao governo.
Ao longo desse processo de reforma,
ou remendo, ficou evidente que os
aliados mais fiéis e os amigos mais sinceros perderam totalmente a paciência com o excesso de paciência do presidente. Se é que se pode chamar esse
jeito moreno de governar de "excesso
de paciência".
Covas, Tasso Jereissati, Pimenta da
Veiga, José Serra e Euclides Scalco assumiram o comando de uma "operação resgate" de FHC, exercendo uma
pressão cerrada para que ele recupere
autoridade e finalmente assuma o segundo mandato. Jorge Bornhausen,
do PFL que não é baiano, aprovou integralmente.
Como qualquer operação de vida ou
morte, esse resgate também faz vítimas. O problema é que FHC vem perdendo credibilidade, popularidade e
ânimo. Não tinha muita opção. Ou a
vítima seria ele.
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