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Ensaios de Carpeaux
CARLOS HEITOR CONY
Rio de Janeiro - Fico devendo a Olavo de Carvalho, ao editor José Mário,
da Topbooks, e à UniverCidade Editora, que patrocinou o livro, uma das
minhas maiores alegrias em tantos
anos de estrada, na vida em geral, na
literatura em particular.
Trata-se do primeiro volume dedicado à obra de Otto Maria Carpeaux,
o homem mais culto e inteligente que
toda uma geração conheceu. Com sua
morte, em 1977, quando o Brasil ainda
vivia o regime autoritário que ele tanto combatera -e com tanta coragem
e veemência-, temi que seus livros,
seu exemplo, sua memória enfim,
caíssem no esquecimento.
Ao morrer, Carpeaux tinha como
única plataforma de lançamento algumas páginas da revista ""Manchete", na qual publicara seus últimos artigos. Pelas características daquela revista, eram textos leves, de viagens e
impressões. Apesar disso, nessa série
de amenidades ele deixou pelo menos
uma obra-prima: o relato da última
visita a Viena, sua cidade natal, meses
antes de sua morte.
A importância de Carpeaux em nosso processo cultural é ponto pacífico.
Houve o precedente da chegada da
corte de dom João 6º ao Brasil, que
marcaria o início de nossa integração
com o resto do mundo. Sozinho, Carpeaux valeu por toda a corte que aqui
chegou trazendo-nos a régua e o compasso dos valores de uma Europa que
ainda era a referência única da civilização ocidental.
Esse primeiro volume do projeto editorial da Topbooks traz alguns dos primeiros ensaios de Carpeaux, escritos
já no Brasil, de ""A Cinza do Purgatório" até ""Livros na Mesa".
Para mim, é como se tudo fosse começar outra vez. Inclusive a esperança
de que tudo pudesse ser melhor.
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