São Paulo, Quinta-feira, 15 de Julho de 1999
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Ensaios de Carpeaux

CARLOS HEITOR CONY

Rio de Janeiro - Fico devendo a Olavo de Carvalho, ao editor José Mário, da Topbooks, e à UniverCidade Editora, que patrocinou o livro, uma das minhas maiores alegrias em tantos anos de estrada, na vida em geral, na literatura em particular.
Trata-se do primeiro volume dedicado à obra de Otto Maria Carpeaux, o homem mais culto e inteligente que toda uma geração conheceu. Com sua morte, em 1977, quando o Brasil ainda vivia o regime autoritário que ele tanto combatera -e com tanta coragem e veemência-, temi que seus livros, seu exemplo, sua memória enfim, caíssem no esquecimento.
Ao morrer, Carpeaux tinha como única plataforma de lançamento algumas páginas da revista ""Manchete", na qual publicara seus últimos artigos. Pelas características daquela revista, eram textos leves, de viagens e impressões. Apesar disso, nessa série de amenidades ele deixou pelo menos uma obra-prima: o relato da última visita a Viena, sua cidade natal, meses antes de sua morte.
A importância de Carpeaux em nosso processo cultural é ponto pacífico. Houve o precedente da chegada da corte de dom João 6º ao Brasil, que marcaria o início de nossa integração com o resto do mundo. Sozinho, Carpeaux valeu por toda a corte que aqui chegou trazendo-nos a régua e o compasso dos valores de uma Europa que ainda era a referência única da civilização ocidental.
Esse primeiro volume do projeto editorial da Topbooks traz alguns dos primeiros ensaios de Carpeaux, escritos já no Brasil, de ""A Cinza do Purgatório" até ""Livros na Mesa".
Para mim, é como se tudo fosse começar outra vez. Inclusive a esperança de que tudo pudesse ser melhor.


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