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CARLOS HEITOR CONY
Quem é quem
RIO DE JANEIRO - Durante a campanha, os candidatos à Presidência
bem que podiam aproveitar o tempo de exposição de que dispõem,
sobretudo na televisão, para falar
sobre a própria vida pessoal, as dificuldades que tiveram nas carreiras,
na família, nos estudos, nos cargos
que já exerceram, as soluções que
encontraram, as vitórias e derrotas
da complicada luta do viver.
Sabe-se muito pouco sobre eles,
o material existente e divulgado
não se diferencia do elogioso e marqueteiro currículo de vida com que
qualquer pretendente a qualquer
cargo procura se apresentar ao possível patrão.
É óbvio que falam muito sobre o
que desejam e podem, dão palpites
sobre célula-tronco, aborto, enriquecimento de urânio, preparação
de atletas para as Olimpíadas,
conquista espacial, aproveitamento do lixo, combate ao tráfico,
salários dos professores, Estado laico e desenvolvimento do cinema
nacional.
Uns pelos outros, todos têm e
prometem medidas convergentes
ou complementares para todos os
problemas da nação, dos Estados e
dos municípios.
Mas, no fundo, ficamos sabendo
muito pouco de quem é quem, como se comportam ou comportaram
na vida comum, na família, nos estudos, nos cargos que exerceram,
como reagem quando perdem ou
quando ganham, nas doenças, na
educação dos filhos, na própria
educação recebida.
De Serra sabemos alguma coisa
pelos cargos que exerceu, desde estudante. De Dilma, que foi guerrilheira, mas sem muitos detalhes.
De Marina, que aprendeu a ler aos
16 anos (este fato é realmente revelador em termos biográficos). De
Plínio, que é um intelectual.
Uma vez perguntei a uma jovem
que me impressionara qual era a
cor de sua pasta de dentes. Colou.
Tivemos um caso e até um filho.
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