São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2004

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FERNANDO RODRIGUES

O carlo-petismo

BRASÍLIA - A cena foi histórica. Na segunda-feira à noite, Lula comandou um jantar com senadores do PFL. Comeram camarão ao molho de maracujá. À mesa, o presidente da República recusou vinho. Consumiu guaraná diet. Teve ACM de um lado e Roseana Sarney do outro. O encontro foi emblemático também pelos dois ministros escolhidos por Lula para estarem presentes. José Dirceu, o anfitrião, é ex-comunista e admirador de Cuba. Aldo Rebelo, que se sentou ao lado de ACM, pertence ao PC do B -partido que até outro dia elegia a Albânia como modelo a ser seguido. A aliança entre Lula e ACM inaugura oficialmente o carlo-petismo (ou lulo-carlismo) na administração federal. É um sinal claro da direção escolhida pelo governo: deseja criar uma maioria no Congresso. Não vai olhar ideologias. Quer votos. Mortos e feridos não serão recolhidos. Ficarão à beira da estrada. O candidato petista a prefeito de Salvador, Nelson Pellegrino, foi abandonado pela direção da sigla. Ontem, carlistas se refestelavam com a primeira página do jornal "Correio da Bahia", de ACM. A foto na primeira página trazia Lula confraternizando com o baiano e com o candidato a prefeito pefelista em Salvador, César Borges. O próximo passo do Planalto é ajudar na criação de uma nova sigla de centro-direita. Abrigará ACM e outros pefelistas descontentes. FHC se jacta de ter isolado José Sarney e ACM na parte final de seu governo. É verdade. Esses políticos tiveram um período de vacas magras até a eleição de Lula. Renasceram com o petista -que, afinal, dizia que seria presidente para mudar o Brasil.

 

Lula reclama, mas são as declarações antagônicas de seus ministros que fazem do Copom um Fla-Flu. Se o juro ficar onde está, vence José Dirceu. Se subir, ganha Palocci.


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