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ELIANE CANTANHÊDE
Igual para todos
BRASÍLIA - Atenção, senhores prefeitos já eleitos, candidatos do segundo
turno, José Serra e Marta Suplicy: hoje é Dia do Professor.
São 5.561 municípios, 180 mil escolas públicas de nível fundamental e
médio e cerca de 2,5 milhões de professores. E o ensino é municipalizado.
O que cada um dos senhores pretende
fazer a partir de 1º de janeiro com os
professores e as escolas?
É provável que, numa enquete real,
cada um respondesse do seu jeito, só
para eleitor ouvir e o futuro prefeito
esquecer. Mas o pior é que cada prefeito pode, de fato, fazer como quiser.
Se em São Paulo há escolas de lata,
imagine o interior do Piauí, de Mato
Grosso ou do Amazonas. E como são,
o que sabem, o que ganham e como
vivem os professores de Norte a Sul.
É por isso que o ex-reitor, ex-governador e ex-ministro da Educação
Cristovam Buarque defendeu ontem,
numa mesa-redonda na UnB sobre
erradicação da miséria, a federalização do ensino fundamental e médio.
A União instituiria três pisos: o piso
salarial do professor, um conteúdo
mínimo igual para todos e uma relação de equipamentos obrigatórios,
como paredes de tijolo, banheiros e
um número "x" de televisores.
A idéia é polêmica por vários motivos, e um deles é que a municipalização de verbas e responsabilidades tirou os prefeitos do jugo dos governadores dos seus Estados, especialmente
grave quando um faz oposição ao outro. Os repasses são diretos.
Mas, estrategicamente, a proposta
faz sentido. Hoje, em vez de serem
alavanca contra a desigualdade social, as escolas são justamente o contrário: instrumento para aprofundar
e eternizar essa desigualdade. Professores e alunos dos centros ricos têm
uma formação e os das periferias e
regiões pobres, outra, bem diferente.
A federalização poderia, pelo menos
em tese, aproximar as chances.
Buarque é um produtor de idéias
que vagueiam entre o sonho e a realidade e não sensibilizaram o governo
do seu partido, o PT. Elas, porém, são
de grande valia. Pelo menos obrigam
os governantes a pensar.
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