São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 2002

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MARCELO BERABA

Estado de graça

RIO DE JANEIRO - O poder rejuvenesce, dizia Ulysses Guimarães. Outros tantos políticos, provectos ou não, já consagraram o dito. Mas a derrota não envelhece, não necessariamente. A governadora Benedita da Silva e o PT do Rio vivem uma fase de estado de graça que até faz crer que venceram a eleição estadual.
Essa sensação de bem-estar não se deve apenas à vitória nacional de Lula nem à expectativa de que Benedita, maior nome do PT fluminense, venha a assumir um cargo nacional a partir de janeiro. O PT está convencido de que sua administração no Rio acabou aprovada, apesar da derrota para Rosinha Garotinho.
Como ainda não há pesquisa de avaliação de governo, fica o registro das impressões. E a mais forte é a de que, realmente, após a derrota no primeiro turno, o governo de Benedita passou a contar com a simpatia e o reconhecimento tardio de uma parcela bastante grande da população.
Ainda é cedo para uma avaliação do governo petista porque faltam dois meses para que se encerre. E em dois meses no Rio, todos sabem, pode acontecer de tudo. Mas pode-se afirmar que a mudança de humor no Estado ocorreu depois da prisão de Elias Maluco, um dos acusados do assassinato do jornalista Tim Lopes, e do tratamento disciplinar enfim impingido aos comandantes do narcotráfico presos.
Quando o trabalho da polícia começou a aparecer, já era tarde. A eleição estava definida. E, mesmo que houvesse mais prazo, não é certo que Benedita conseguisse empurrar a decisão para o segundo turno.
Mas isso tudo são águas passadas. Quem conversa com a turma do PT do Rio fica até com a impressão de que, embora quisessem ganhar, estão aliviados. Concluem o mandato sem o apocalipse vaticinado. E acham que acumularam credibilidade e experiência para a próxima eleição.


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