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ELIANE CANTANHÊDE
Mais um
BRASÍLIA - Lula é um vaidoso clássico, intuitivo e auto-suficiente. Não
precisa de nada nem de ninguém.
Acha que sabe tudo e que basta botar
a mão que os problemas desmancham no ar. E tem um infinito senso
de autopreservação.
É assim que os homens do presidente passam e ele fica. Passaram Dirceu
e Gushiken no governo, mais Genoino, Delúbio e Sílvio Pereira no PT.
Lula alternou irritação e enfado, mas
não se abalou.
"Em duas semanas, o Lula esquece
o Palocci, como esqueceu o Dirceu.
Mas não vai fazer mudanças bruscas
na economia, porque tem um forte
senso de autopreservação", aposta o
líder pefelista José Agripino Maia
(RN), prevendo a queda de Palocci.
"O Dirceu cai, o Gushiken cai, a cúpula inteira do PT cai. E o Lula não
tem nada a ver com isso? Se o Palocci
sair, o Lula tem de sair", provoca o líder da oposição na Câmara, José
Carlos Aleluia (PFL-BA).
O fato é que Lula continua jogando
pela janela quadros decisivos para a
trajetória do PT, para sua vitória em
2002 e para manter o governo. O máximo que diz é que foi "traído". Palocci está na mira. E ninguém mais se
lembra que a melhor coisa do governo era a "estabilidade da economia"?
Podia ser, mas a megalomania diz
a Lula que o mérito não é do "companheiro Palocci", mas dele próprio,
de sua sapiência, de sua intuição, de
sua enorme capacidade de resolver
todos os problemas.
Ninguém mais, nem aliados nem
adversários, dá um tostão furado pela permanência de Palocci. Não pela
pressão do mercado, do PFL, do
PSDB, do PT. Mas pelas denúncias
dos amigos (cada amigo!) e porque
Lula lavou as mãos.
Com Palocci balançando, a questão
é saber o que será da economia até a
eleição. Como Lula vai decidir? Com
o cálculo da autopreservação. A esta
altura está somando e diminuindo,
na base da intuição, o que é melhor
para a campanha: manter o certo ou
arriscar no duvidoso.
E aí? Palocci sai e a crise fica?
@ - elianec@uol.com.br
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