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ELIANE CANTANHÊDE
Ser ou não ser candidato
BRASÍLIA - O mar não está para peixe, e as pesquisas não estão para Lula. A última, CNI-Ibope, de ontem,
mantém a seqüência de péssimas notícias para o presidente-candidato,
registrando a novidade de que o tucano José Serra passa na frente dele já
no primeiro turno, com 37% a 31%
-fora da margem de erro.
Eleição não se ganha de véspera,
muito menos um ano antes. Mas a
tendência verificada pelos diferentes
institutos já causa efeitos importantes. Um deles é o desânimo de aliados
naturais ou potenciais de Lula. Para
não ir longe, o PMDB caiu fora e discute até "alianças de governabilidade" para 2007 com o PFL e o PSDB. E
não se fala aqui do PMDB tucano,
mas do PMDB lulista -ou que era
lulista. Há uma troca de barco.
A aliança de Lula vai se restringindo a um PT ferido pelas denúncias e
aflito com a política econômica, ao
PC do B e talvez ao PSB, partidos que
se reuniram ontem. Não reflete força,
confiança nem perspectiva de poder.
Num ato falho, expressivo líder petista vinha falando numa conversa
informal sobre o quadro político
quando se saiu com essa: "Se Lula for
candidato...". Percebeu a gafe, tentou
consertar, mas deixou evidente que
tem dúvidas, até, da disposição do
presidente de se candidatar.
Não estava, aliás, falando sozinho.
Daqui e dali, em meios governistas e
oposicionistas, já se discute a hipótese
de Lula desistir da reeleição. Não é
informação nem boa aposta, apenas
tititi político e especialmente congressual de fim de ano. E que ano!
A melhor aposta é que Lula, sentindo a reeleição esvair-se, lute para se
recuperar. Armas não lhe faltam, a
começar da caneta mágica, de um
discurso recheado de números sobre
supostos ganhos sociais e de recursos
bilionários reprimidos até aqui à custa de superávits e de incompetência.
A situação de Lula não é confortável, mas sua história política e pessoal
sugere que dificilmente jogará a toalha. Ao contrário, lutará com todos os
seus meios. E pesquisa é pesquisa, a
eleição nem começou de fato.
@ - elianec@uol.com.br
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