São Paulo, terça-feira, 16 de janeiro de 2007

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PLÍNIO FRAGA

Irrelevâncias e mediocridades

RIO DE JANEIRO - As notícias, como os pecados, são essencialmente poucas. O que varia muito são os pecadores. Em Brasília, ou mesmo em Washington, não há notícias nem pecados inéditos -quando observados com lupa.
Uns repetem outros pelos motivos de sempre. Mas, nos dias de verão, a pasmaceira se espraia. Há dois meses que Brasília discute apaixonadamente a eleição do novo presidente da Câmara. Talvez fosse só uma discussão chata, mas é muito simbólica da mediocridade brasileira.
A democrata Nancy Pelosi assumiu a presidência da Câmara dos Deputados dos EUA neste mês. E o fez sem meias palavras: defendeu a saída das tropas do Iraque, pediu leis mais duras contra a atuação de lobistas no Congresso, prometeu acesso geral à internet por meio de banda larga, mostrou-se a favor da elevação do salário mínimo de R$ 1.780 para R$ 2.500 e proibiu o fumo nos corredores do Congresso como medida de saúde pública.
Pode-se concordar ou não com a agenda que propôs em dez dias no poder, mas é certo que ela não está disposta a perder tempo com a irrelevância, como a opinião de seus detratores, que a definem como "amante dos gays e do aborto".
Essa agenda de Pelosi poderia inspirar o deputado Jutahy Jr., tucano que apóia candidatura do petista Arlindo Chinaglia à presidência da Câmara, a repetir seu avô, o general Juracy Magalhães, que dizia: "O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil".
Basta ver a ação de Chinaglia na Câmara: sua última proposição é para instituir 5 de agosto como o Dia da Vigilância Sanitária. A penúltima sugere que, em 15 de setembro, seja comemorado o Dia da Assistência Farmacêutica. De relevante, o que Chinaglia defende é o aumento dos parlamentares. Paroquial e ridículo como um farmacêutico personagem de Jorge Amado.


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