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PLÍNIO FRAGA
Irrelevâncias e mediocridades
RIO DE JANEIRO - As notícias,
como os pecados, são essencialmente poucas. O que varia muito
são os pecadores. Em Brasília, ou
mesmo em Washington, não há notícias nem pecados inéditos
-quando observados com lupa.
Uns repetem outros pelos motivos
de sempre. Mas, nos dias de verão, a
pasmaceira se espraia. Há dois meses que Brasília discute apaixonadamente a eleição do novo presidente da Câmara. Talvez fosse só
uma discussão chata, mas é muito
simbólica da mediocridade brasileira.
A democrata Nancy Pelosi assumiu a presidência da Câmara dos
Deputados dos EUA neste mês. E o
fez sem meias palavras: defendeu a
saída das tropas do Iraque, pediu
leis mais duras contra a atuação de
lobistas no Congresso, prometeu
acesso geral à internet por meio de
banda larga, mostrou-se a favor da
elevação do salário mínimo de R$
1.780 para R$ 2.500 e proibiu o fumo nos corredores do Congresso
como medida de saúde pública.
Pode-se concordar ou não com a
agenda que propôs em dez dias no
poder, mas é certo que ela não está
disposta a perder tempo com a irrelevância, como a opinião de seus detratores, que a definem como
"amante dos gays e do aborto".
Essa agenda de Pelosi poderia
inspirar o deputado Jutahy Jr., tucano que apóia candidatura do petista Arlindo Chinaglia à presidência da Câmara, a repetir seu avô, o
general Juracy Magalhães, que dizia: "O que é bom para os Estados
Unidos é bom para o Brasil".
Basta ver a ação de Chinaglia na
Câmara: sua última proposição é
para instituir 5 de agosto como o
Dia da Vigilância Sanitária. A penúltima sugere que, em 15 de setembro, seja comemorado o Dia da
Assistência Farmacêutica. De relevante, o que Chinaglia defende é o
aumento dos parlamentares. Paroquial e ridículo como um farmacêutico personagem de Jorge Amado.
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