São Paulo, sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

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Nova aposta chavista

A ASSEMBLEIA Nacional da Venezuela acaba de aprovar a realização de um referendo que abre caminho para a reeleição indefinida do presidente Hugo Chávez. É a segunda tentativa de mudança constitucional nesse sentido. Proposta semelhante já havia sido rejeitada pelos venezuelanos em 2007, por pequena margem de votos.
A iniciativa ocorre menos de dois meses depois de eleições regionais em que o presidente perdeu o controle de Estados importantes. A motivação para a reintrodução da proposta, portanto, não pode ser atribuída somente a um sentimento de fortalecimento político atual -ainda que o chavismo tenha sido vitorioso na maioria dos Estados, com 53% dos votos.
O que melhor explica a pressa -se a reforma for aprovada, a disputa reeleitoral ocorrerá apenas em 2012- é a piora da situação econômica no país. A queda brusca no preço do petróleo deverá afetar gravemente as contas do país em 2009 -o combustível responde por mais de 90% das receitas de exportação.
Diante da degradação econômica, são esperadas mudanças na política econômica capazes de abalar a popularidade do presidente. Uma das medidas seria a desvalorização do bolívar venezuelano -cuja cotação está congelada-, mas o governo adia essa decisão pois teme o efeito na inflação, que já está em torno de 30% ao ano.
Com o agravamento da crise, Chávez moderou os ataques aos oposicionistas. Para o referendo -que depende do Conselho Nacional Eleitoral e pode ser marcado para fevereiro-, também introduziu cláusulas permitindo a reeleição indefinida para todos os cargos eletivos. Com isso, tenta ampliar o apoio ao projeto.
As últimas pesquisas indicam que a população, por ora, não parece inclinada a responder positivamente à nova aposta chavista para viabilizar seu projeto autoritário de perpetuação no poder.


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