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Nova aposta chavista
A ASSEMBLEIA Nacional da
Venezuela acaba de aprovar a realização de um referendo que abre caminho para a
reeleição indefinida do presidente Hugo Chávez. É a segunda
tentativa de mudança constitucional nesse sentido. Proposta
semelhante já havia sido rejeitada pelos venezuelanos em 2007,
por pequena margem de votos.
A iniciativa ocorre menos de
dois meses depois de eleições regionais em que o presidente perdeu o controle de Estados importantes. A motivação para a
reintrodução da proposta, portanto, não pode ser atribuída somente a um sentimento de fortalecimento político atual -ainda
que o chavismo tenha sido vitorioso na maioria dos Estados,
com 53% dos votos.
O que melhor explica a pressa
-se a reforma for aprovada, a
disputa reeleitoral ocorrerá apenas em 2012- é a piora da situação econômica no país. A queda
brusca no preço do petróleo deverá afetar gravemente as contas
do país em 2009 -o combustível
responde por mais de 90% das
receitas de exportação.
Diante da degradação econômica, são esperadas mudanças
na política econômica capazes de
abalar a popularidade do presidente. Uma das medidas seria a
desvalorização do bolívar venezuelano -cuja cotação está congelada-, mas o governo adia essa
decisão pois teme o efeito na inflação, que já está em torno de
30% ao ano.
Com o agravamento da crise,
Chávez moderou os ataques aos
oposicionistas. Para o referendo
-que depende do Conselho Nacional Eleitoral e pode ser marcado para fevereiro-, também
introduziu cláusulas permitindo
a reeleição indefinida para todos
os cargos eletivos. Com isso, tenta ampliar o apoio ao projeto.
As últimas pesquisas indicam
que a população, por ora, não parece inclinada a responder positivamente à nova aposta chavista
para viabilizar seu projeto autoritário de perpetuação no poder.
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