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ELIANE CANTANHÊDE
Como em Gaza, mas resistindo
BRASÍLIA - A guerrinha PT versus PSDB corre solta, mas onde ela
é mais escancarada é na política externa, onde ex-chanceleres e embaixadores tucanos arrancam as
penas criticando o atual ministro,
Celso Amorim -que nunca teve nada de petista, diga-se de passagem,
mas é acusado de transformar o Itamaraty numa espécie de bunker
dos resquícios esquerdistas do PT.
Luiz Felipe Lampreia já tinha dito que as gestões de Amorim no
Oriente Médio "beiravam o ridículo". Celso Lafer acrescentou que
são "uma forçação de barra que não
faz nenhum sentido". Estava faltando o ex-embaixador em Londres
e em Washington Rubens Barbosa.
Não falta mais.
Ao saber que Amorim iria visitar
Síria, Israel e cia. -de onde voltou
na madrugada de ontem-, Barbosa
ironizou na base do "agora vai": "Fiquei animado, porque até aqui nem
o Sarkozy, nem o presidente da
União Europeia, nem a ONU tinham conseguido demover Israel e
os palestinos".
Para Barbosa, as ações e declarações do PT e do governo, e não só de
Amorim, são o que vem chamando
de "ideologização e partidarização
da política externa". E provoca: "Só
falta agora, para complementar os
esforços da política externa, a ação
do MST em manifestações pró-Hamas... (a exemplo do que dizem que
vão fazer no Paraguai)".
Ao se desabalar para a região em
guerra, Amorim fez apenas uma
coisa, na opinião de Barbosa:
"Cumpriu sua parte na política externa do PT". E lá vem mais ironia:
"O Brasil do PT não consegue neutralidade e liderança nem para resolver a questão das "papeleras" entre Argentina e Uruguai...".
Coitado do Amorim, que parece a
faixa de Gaza de tão cercado por todos os lados: atacado pelos inimigos
e sujeito ao fogo amigo do PT e do
próprio governo -um agride Israel
com referências ao nazismo, o outro, numa canetada, concede asilo a
condenado italiano exigido pelo governo Berlusconi. Tarso Genro cria
a crise, o Itamaraty que se vire.
elianec@uol.com.br
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