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FERNANDO GABEIRA
Longa vida dos jornais
RIO DE JANEIRO - O presidente
Lula não gosta de ler jornais. Foi
uma decepção para a imprensa,
pois através dela foi escolhido um
dos homens mais influentes do planeta. Trabalho em jornal desde
adolescente. Tempo em que os linotipistas tinham de tomar leite para
evitar a intoxicação por chumbo.
Como o meu negócio é tornar os
jornais mais atraentes, não brigo
com quem não os lê; pergunto sempre como podemos melhorar.
Um dos argumentos mais esgrimidos nessas polêmicas é que a internet está matando os jornais. Na
semana em que se discute isso no
Brasil, o "Los Angeles Times" anuncia que sua receita na internet superou a do jornal impresso e hoje é a
sustentação principal da empresa.
Isso significa, ao contrário, que a
internet está salvando os jornais?
Também é um exagero. O que a internet vai fazer é obrigar os jornais
a grandes mudanças.
Pessoas para quem a leitura é
uma das razões de viver às vezes são
impacientes com outras formas de
comunicar. Por exemplo: a fotografia ganhou espaço nos jornais brasileiros graças também à competência de nossos fotógrafos. Muitos
editores a viam como uma forma
secundária.
Agora o desafio é outro. Dezenas
de novos programas de visualização
disputam espaço. Num mundo
complicado, ver mapas e gráficos
nos dá a impressão de controlar a
realidade. Podemos desenhá-la em
camadas que aprofundam o conhecimento do tema.
Um dos criadores desses programas, para ilustrar a diferença genética entre homem e macaco, desenhou, num fundo negro, com minúsculas letras brancas, a cabeça do
macaco. Havia raros pontos vermelhos -eram a marca da diferença.
Não se trata mais só de absorver a
fotografia. Mas de explorar maneiras de visualização. Evoluir para sobreviver é a tarefa que a indiferença
nos provoca.
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