|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
Aos EUA, de véspera
BRASÍLIA - Colômbia e Equador
e Venezuela selaram a paz, mas os
EUA não querem desperdiçar essa
chance de ouro para discutir uma
idéia fixa: o terrorismo.
O que botou fogo na região foi a
violação do Equador, ação considerada indesculpável sob qualquer
pretexto (inclusive contra as Farc).
E os EUA querem justamente a "relativização" do princípio internacional da não-violação territorial.
Em outras palavras: Brasil, Argentina, Chile e Venezuela, entre
outros, condenam incondicionalmente invasões de países, mas os
EUA querem liberdade para uma
invasãozinha de vez em quando
contra "terroristas" -como classificam as Farc, pivôs da crise.
A questão estará no centro da
reunião de chanceleres da OEA
(Organização dos Estados Americanos), amanhã, em Washington. O
Brasil e seus parceiros trabalham
para que os EUA repitam a postura
da reunião anterior e se coloquem
diplomaticamente à margem, para
a OEA "latinoamericanizar" os debates e a resolução final.
A comissão de países que investiga o bombardeio colombiano no
Equador fará um relato do que apurou e apresentará propostas que estão sendo intensamente negociadas
neste final de semana. A expectativa é ratificar a não-violação territorial, mas com condenação de atos
terroristas e sugestões para proteger as porosas fronteiras da região.
Sem esquecer, claro, da retomada
das "ações humanitárias" para livrar os reféns das Farc.
Os EUA querem aniquilar as
Farc, pura e simplesmente. E, se recorreram a duas fraudes -armas de
destruição em massa e ligação de
Saddam Hussein com a Al Qaeda-
para invadir o Iraque, não dão a menor bola para o princípio basilar da
inviolabilidade territorial.
Pois saibam, de véspera, que essa
posição será prontamente rechaçada, com o risco de a grande potência
ficar ilhada no consenso regional.
Tremenda novidade.
eliane@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo- Clóvis Rossi: A barbárie Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: O nome deles é Legião Índice
|