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Editoriais
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A bomba-relógio dos lixões
A ESCOLA municipal infantil
construída sobre um lixão
desativado em Vila Nova
Cachoeirinha, São Paulo, e o deslizamento do morro do Bumba,
em Niterói (RJ), representam só
a ponta de um iceberg. Não se conhece ao certo a extensão dessa
ameaça ambiental subterrânea.
Em décadas passadas, não havia no país capacidade técnica
para administrar de forma adequada resíduos tóxicos de origem industrial e doméstica. O
usual era depositá-los a céu aberto, sem impermeabilização do
solo, em lixões desprovidos de limites precisos. Aterrados, ficaram disponíveis para a expansão
urbana e terminaram ocupados
por favelas, parques e até escolas.
A remediação do problema, no
Estado de São Paulo, começou
para valer só no século 21. Em
2002, a Cetesb -companhia estadual de saneamento ambiental- publicou a primeira relação
de áreas contaminadas, com 255
locais. Com a identificação paulatina de mais e mais terrenos
contaminados no passado, em
seis anos a lista saltava para
2.514 pontos de contaminação.
Na capital do Estado encontram-se 781 dessas áreas. A grande maioria (657) são postos de
combustíveis com vazamentos.
Mas há 21 depósitos de lixo relacionados e nada menos que
11.680 áreas potenciais de contaminação, cujo risco ainda carece
de investigação e avaliação -o
que em geral ocorre quando se
solicita à prefeitura uma licença
de mudança de uso, por exemplo
para construção de imóveis.
Não foi o caso da escola paulistana, inaugurada em 1988. Em
1999, a área foi oficialmente declarada como contaminada. Em
2006, medições constataram alta concentração do gás metano,
com risco de explosão. Em 2007,
decidiu-se que a escola seria fechada, e os alunos, transferidos,
mas eles ainda estão lá.
Não basta, já se vê, fazer mapeamentos. É preciso que o poder público aja de maneira tempestiva para afastar ao menos os
riscos que já são conhecidos.
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