São Paulo, sexta-feira, 16 de abril de 2010

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Editoriais

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A bomba-relógio dos lixões

A ESCOLA municipal infantil construída sobre um lixão desativado em Vila Nova Cachoeirinha, São Paulo, e o deslizamento do morro do Bumba, em Niterói (RJ), representam só a ponta de um iceberg. Não se conhece ao certo a extensão dessa ameaça ambiental subterrânea.
Em décadas passadas, não havia no país capacidade técnica para administrar de forma adequada resíduos tóxicos de origem industrial e doméstica. O usual era depositá-los a céu aberto, sem impermeabilização do solo, em lixões desprovidos de limites precisos. Aterrados, ficaram disponíveis para a expansão urbana e terminaram ocupados por favelas, parques e até escolas.
A remediação do problema, no Estado de São Paulo, começou para valer só no século 21. Em 2002, a Cetesb -companhia estadual de saneamento ambiental- publicou a primeira relação de áreas contaminadas, com 255 locais. Com a identificação paulatina de mais e mais terrenos contaminados no passado, em seis anos a lista saltava para 2.514 pontos de contaminação.
Na capital do Estado encontram-se 781 dessas áreas. A grande maioria (657) são postos de combustíveis com vazamentos. Mas há 21 depósitos de lixo relacionados e nada menos que 11.680 áreas potenciais de contaminação, cujo risco ainda carece de investigação e avaliação -o que em geral ocorre quando se solicita à prefeitura uma licença de mudança de uso, por exemplo para construção de imóveis.
Não foi o caso da escola paulistana, inaugurada em 1988. Em 1999, a área foi oficialmente declarada como contaminada. Em 2006, medições constataram alta concentração do gás metano, com risco de explosão. Em 2007, decidiu-se que a escola seria fechada, e os alunos, transferidos, mas eles ainda estão lá.
Não basta, já se vê, fazer mapeamentos. É preciso que o poder público aja de maneira tempestiva para afastar ao menos os riscos que já são conhecidos.


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