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VALDO CRUZ
A vida ou o voto
BRASÍLIA - Enquanto a violência e o
terror se espalhavam por São Paulo,
fazendo crescer rapidamente o número de vítimas da guerra deflagrada pelo PCC, os nossos políticos trocavam acusações sobre a responsabilidade pelo clima de guerra reinante
no Estado mais rico do país.
Petistas diziam que segurança pública é tarefa do Estado, que os tucanos governaram São Paulo nos últimos 12 anos e não conseguiram reduzir a criminalidade.
Tucanos acusavam o governo Lula
de menosprezar o tema segurança
pública, de reduzir as verbas destinadas ao setor e ainda de tentar usar o
caos politicamente. Tudo isso era ouvido nos corredores do Congresso.
Posso estar enganado, mas, no momento, a menor preocupação dos
paulistas é saber de quem é a culpa
pelas mais de 80 mortes, motins em
presídios, ônibus queimados, bancos
incendiados, terror completo.
O paulista quer saber é como vai
chegar ao trabalho, se vai enfrentar
algum tiroteio pelo caminho, como
ficará a segurança de seus familiares.
E, principalmente, como será o amanhã. Que é hoje mesmo.
Daí que se torna um espetáculo deprimente, para dizer o mínimo, o tiroteio travado entre tucanos, pefelistas e petistas no auge do caos.
O eleitor aterrorizado deve estar se
perguntando: por que aproveitar a
fragilidade de tucanos e pefelistas para alfinetá-los enquanto a guerra só
aumenta nas ruas? Por que recusar a
oferta de ajuda do governo petista se
ela pode representar um pouco mais
de segurança?
Tudo bem, estamos em ano eleitoral, a campanha será uma das mais
agressivas dos últimos anos. Mas, antes de se acusarem mutuamente, PT e
PSDB deveriam refletir sobre algo: o
que vale mais, milhares de votos ou a
vida de dezenas de eleitores?
Ao final do dia, o bom senso tendia
a prevalecer. Governo federal e Estado reuniram-se e trocaram palavras
de apoio. Um ofereceu ajuda, o outro
agradeceu, mas disse que não precisava. Tomara que esteja certo e poupe mais vidas.
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