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Toques de surrealismo
O ENREDO DE horror em que
se desenrola a crise aérea
brasileira ganhou toques
surrealistas com a abertura de
auditoria na Infraero para investigar por que uma obra apontada
como necessária há quatro anos
-a recuperação da pista principal do aeroporto de Congonhas- só foi contratada na sexta-feira, em caráter emergencial
e com dispensa de licitação.
Além do absurdo atraso, assistimos à troca de acusações entre
os dois presidentes da Infraero
no governo Luiz Inácio Lula da
Silva para definir o responsável
pelo adiamento da obra, vital para a segurança dos milhões de
brasileiros que utilizam o mais
movimentado aeroporto do país.
Há um ano e dois meses no cargo, José Carlos Pereira, atual
presidente da Infraero e responsável pela abertura da auditoria,
acusa seu antecessor, Carlos
Wilson, pela inação oficial, apesar de ele próprio não ter feito
nenhum gesto que permitisse a
contratação dos serviços de recuperação da pista dentro dos
trâmites normais previstos na
Lei de Licitações.
Wilson se defende com a acusação de que a "leniência" foi de
Pereira, que antes da presidência
ocupou a diretoria de operações
da estatal por dez meses -justamente na gestão de Wilson, iniciada em 13 de janeiro de 2003.
Enquanto os dois governistas
se engalfinhavam, o público sofria as conseqüências do mal planejado início das obras, com
atrasos e transferências de vôos
para outras cidades.
Como sói acontecer no governo Lula, não há nenhuma justificativa aceitável para a demora de
quatro anos na contratação dos
serviços. A pequena magnitude
da obra afasta de pronto qualquer argumento de dificuldade
operacional ou falta de recursos:
a reforma da pista será feita em
45 dias e custará R$ 20 milhões,
valor semelhante ao que a Infraero gastou em publicidade na
primeira gestão petista.
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