São Paulo, quarta-feira, 16 de maio de 2007

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Toques de surrealismo

O ENREDO DE horror em que se desenrola a crise aérea brasileira ganhou toques surrealistas com a abertura de auditoria na Infraero para investigar por que uma obra apontada como necessária há quatro anos -a recuperação da pista principal do aeroporto de Congonhas- só foi contratada na sexta-feira, em caráter emergencial e com dispensa de licitação.
Além do absurdo atraso, assistimos à troca de acusações entre os dois presidentes da Infraero no governo Luiz Inácio Lula da Silva para definir o responsável pelo adiamento da obra, vital para a segurança dos milhões de brasileiros que utilizam o mais movimentado aeroporto do país.
Há um ano e dois meses no cargo, José Carlos Pereira, atual presidente da Infraero e responsável pela abertura da auditoria, acusa seu antecessor, Carlos Wilson, pela inação oficial, apesar de ele próprio não ter feito nenhum gesto que permitisse a contratação dos serviços de recuperação da pista dentro dos trâmites normais previstos na Lei de Licitações.
Wilson se defende com a acusação de que a "leniência" foi de Pereira, que antes da presidência ocupou a diretoria de operações da estatal por dez meses -justamente na gestão de Wilson, iniciada em 13 de janeiro de 2003.
Enquanto os dois governistas se engalfinhavam, o público sofria as conseqüências do mal planejado início das obras, com atrasos e transferências de vôos para outras cidades.
Como sói acontecer no governo Lula, não há nenhuma justificativa aceitável para a demora de quatro anos na contratação dos serviços. A pequena magnitude da obra afasta de pronto qualquer argumento de dificuldade operacional ou falta de recursos: a reforma da pista será feita em 45 dias e custará R$ 20 milhões, valor semelhante ao que a Infraero gastou em publicidade na primeira gestão petista.


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